Durante as guerras de libertação, Portugal queixava-se amargamente da Guiné-Conakri, da Zâmbia ou da Tanzânia que serviam de santuários dos movimentos de libertação para o combate às tropas de Lisboa. No caso, da Guiné-Conakri chegaram mesmo a lançar a famosa Operação Mar Verde para derrubar Sekou Touré. O golpe de mão falhou, mas demonstrou a tendência que Portugal tinha de interferir nos assuntos dos outros países africanos, não olhando a fronteiras.
Famosos também ficaram os acordos entre a UNITA de Jonas Savimbi e o comandante das forças coloniais Costa Gomes. A verdade é que partir de dada altura nos anos 1970s a UNITA não foi mais do que um braço das várias forças portuguesas para combater a independência de Angola.
A história repete-se agora, de modo inverso. Portugal começa a servir de santuário para as operações de desestabilização da UNITA relativamente ao governo de Angola. Artigos, entrevistas e propaganda sem contraditório sucedem-se em órgãos de comunicação lusos, e a UNITA volta a ser o braço das forças reaccionárias para tomar o poder em Angola.
Está claro que a UNITA-ACJ apesar de ter tomado posse na Assembleia e no Conselho da República vai continuar a tentar derrubar o governo legítimo de Angola, e também se está a tornar óbvio que Portugal é o santuário onde as actividades conspirativas vão ter o seu quartel-general debaixo do estranho olhar benevolente das autoridades.
Ao contrário do que os mais ingénuos pensariam, o objectivo da UNITA não é 2027, é agora. A estratégia é simples desgastar, desgastar João Lourenço, nunca reconhecer a sua legitimidade, fazer manifestações em Angola e atacar de Portugal.
É evidente que a democracia angolana, tal como nos anos 1970s, tem de reagir. Não há lugar em África para o colonialismo disfarçado de neo-colonialismo.