O incendiário

ByKuma

2 de Setembro, 2022

A chama retrógrada e reacionária que foi apurando em lume brando a lança sanguinária da insurreição, está desfraldada na mensagem do ACJ derrotado nas Urnas, e que depois de todas as evidências nacionais e internacionais, entre deturpações e cumplicidades alienadas, vem apregoar novas eleições, como se as regras da democracia fossem à vontade do freguês.

Se é verdade e desolador confrontar-mo-nos com uma UNITA/FPU agarrada aos métodos de 1992, muitos dos protagonistas são os mesmos, os aliados são igualmente os mesmos com outras roupagens, os investidores no saque de Angola são hoje mais poderosos e fatais quando têm eco dos seus objectivos de exploração esclavagista.

Também em Portugal, a cegueira e ignorância dependente dos investimentos clandestinos e saqueadores, faz com que a cedência dos meios de comunicação aos abutres, comungue de uma agressão contínua a país irmão, iludindo uma multidão de portugueses que já pagaram caro as opções erradas. Em 1975 regressaram a Portugal 500 mil cidadãos enganados pela UNITA, na região controlada pelo Galo Negro os poucos que se atreveram a ficar desapareceram, os que ficaram em Luanda, Benguela, Lubango e outras cidades onde as FALA nunca controlaram, ainda hoje estão em Angola e abriram portas a muitas empresas e empresários que encontraram no país soluções para as suas vidas pessoais e empresariais.

É este equilíbrio que a UNITA/ACJ ameaçam hoje com a loucura e senilidade corroborada por jornalistas e agitadores que têm na instabilidade e segurança do seu emprego, são abutres à solta desafiando a liberdade e colocando entraves à democracia.

Em nenhum outro país da Europa ou nos Estados Unidos da América, há ressonância desta escalada insultuosa e ignóbil, Portugal está capturado por pessoas dependentes da desgraça alheia fomentando fundamentalismos, são um grupo de parasitas estampado na crónica de Guerra Junqueiro em 1896, e que relendo hoje no comboio, achei atualizadíssimo.

Como pode a ERC, Entidade Reguladora da Comunicação Social permitir tanta informação e opinião agressiva sem contraditório, acusando de falta de liberdade de expressão de onde, sem barreiras, debitam tanta mentira ao serviço de uma seita tendenciosa invulgarmente intrometida em ataques ferozes às Instituições e Magistrados de uma Nação independente?

Será este texto a identidade de um país a que pertencem estes energúmenos saloios?

Comprem um espelho e deixem de agredir terceiros…!!!

“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.”

Guerra Junqueiro, “Pátria”, 1896.