Zombies neocoloniais em Luanda

ByMartinho Júnior

5 de Março, 2022

Nas redes sociais angolanas circulou a fotografia da visita dos embaixadores dos países da União Europeia à residência do embaixador da Ucrânia em Luanda, em gesto da solidariedade, antes das manifestações de grupos de ucranianos da diáspora, particularmente nas cidades ocupadas pelo híbrido União Europeia – Organização do Tratado do Atlântico Norte, ansioso por se expandir a leste!

A Europa, desde o fim da IIª Guerra Mundial que é não só um território ocupado pelas forças do Pentágono, é um produto artificioso do “hegemon” unipolar que pariu esse híbrido UE-NATO com vocação de expansionismo, depois dos primeiros anos da década de 90 do século passado!

É evidente que os dois “fenómenos”, embaixadores e manifestações, têm um comando supranacional de indicador dominante, estão perfeitamente sincronizados e ilustram bem como se faz a propaganda das práticas de conspiração, aproveitando o caudal de zombies espalhados pelo mundo: a chispa nas embaixadas, a sintonia dos veículos difusores da mensagem e depois, espremendo o limão, as grandes massas de formatados, aproveitando as emoções alienadas e alienantes do momento, com a profusão dos cartazes e bandeiras, neste caso de todas as Praças Maidan zombies do mundo!…

Neste caso, no fundo há que replicar, se possível até ao infinito, a Praça Maidan, para depois levar-se a cabo as vergonhosas manobras na Organização das Nações Unidas, conforme estão a ser expostas quer no Conselho de Segurança quer na Assembleia Geral!

Em Angola já vimos esses filmes ao longo de décadas, algumas vezes repetidamente, em torno do papel da UNITA desde a colonial “africanização da guerra”, com a UNITA enquanto “cavalo de Tróia” a ser sistematicamente aproveitada como joguete e arma de arremesso contra o povo angolano e contra o Não Alinhamento activo que foi inaugurado pelo Presidente Fundador, António Agostinho Neto, ao fazer a Proclamação da República Popular de Angola!

Em termos de guerra psicológica “soft power”, da formatação do “hegemon” unipolar, de seus mercenários e do avulso de zombies, a propaganda nesses termos demonstrou que está um mimo, mas peca desde logo por aí, porque a parte não é o todo e a árvore jamais poderá definir a floresta e só uma Europa com arrogância colonial se pode considerar como “todo o mundo”!

Sendo a russofobia nestas condições um autêntico “apartheid” (no “apartheid” além da divisão por raças, não havendo diálogo, não havendo busca de consensos, proliferaram os bantustões, pseudo-micro-estados que não passavam da exploração de artificiosos etno-nacionalismos daqueles que eram entre si divididos e triturados até às migalhas), os 8 anos que na Ucrânia vão desde o golpe violento da Praça Maidan até ao reconhecimento por parte da Federação Russa das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk, foram anos de autêntico “apartheid” com bantustanização!

Assim o exercício dos embaixadores representativos do híbrido UE-NATO na residência do embaixador da Ucrânia em Luanda, foi um exercício de “apartheid” num país Não-Alinhado activo com um historial intimamente ligado ao movimento de libertação em África, um descarado insulto ao povo angolano, aos povos da África Austral, aos povos africanos e à humanidade que estão desejosos de por inteiro manipular!

Os “representantes” europeus em Luanda duma Europa ocupada e instrumentalizada para a expansão a leste, demonstram com todas as evidências que não há descolonização mental no híbrido UE-NATO e por isso confundem tudo, inclusive os conceitos mais elementares de civilização e barbárie, de guerra e libertação, de contínua agressão ao Sul Global, com a paz global que só eles fazem tardar em benefício de toda a humanidade!

Por isso as caixas de ressonância tradicionais da UNITA em Luanda fizeram-se desde logo sentir como se a propaganda fosse essencialmente um reflexo de Pavlov: “Deputado da UNITA condena ofensiva militar ao país soberano e amigo de Angola”!

Além de insultarem a história que deve ser honrada, conjuntamente com a memória e os ensinamentos do Presidente Agostinho Neto, os embaixadores da União Europeia e da Ucrânia em Luanda, demonstram que instrumentalizam velhos agentes como Alcides Sakala, conforme aos tempos do Exercício Alcora, da colonial “africanização da guerra”, do “apartheid”  e de todas as sequelas, mandando para as urtigas o que foi investigado no tempo do Relatório Fowler sobre os laços dos ukronazis de então, no fornecimento de armas a Savimbi para fazer a “guerra dos diamantes de sangue”!

Mas que embaixadores são esses que vêm fazer propaganda neocolonial, russófoba e do “apartheid” de sempre, a céu aberto em Luanda, quando deviam trabalhar em laços construtivos de amizade entre os povos que dizem representar e o povo angolano?

Quando aos que dirigem a Europa ocupada e em expansão a leste vão fazer a descolonização mental de que tanto padecem?

Mas que estado é este que tem bárbaros agentes de serviçal inteligência como este no seu próprio Parlamento?