01) O ano de 2022 rompeu do calendário com um disparar de telúricas tensões que, com o avolumar das crises encadeadas, tocam um pouco por todo o mundo, em todos os cenários e “tabuleiros”, por via dos mais variados argumentos típicos de “cosa nostra”, o que obriga ao avolumar das práticas de conspiração agora com um curto horizonte à beira do abismo.
A IIIª Guerra Mundial do “hegemon” contra o Sul Global nunca foi declarada por que para os expedientes de domínio interessa tanto quanto o possível e até um limite difícil de descortinar, “anestesiar” os alvos formatando-os na plasticidade “democrática” típica do “soft power” que não passa dum embuste ou duma mentira, duma alienação ao serviço da “cosa nostra” mais redutora, a “cosa nostra” com bárbaro vigor fascista, ou mesmo nazi!
Agora que a cobiça mais atrozmente egoísta atingiu um zénite, surge dessa trágica esteira antropológica e histórica a doutrina Biden e a implícita “declaração de guerra” contra a República Popular da China e a Federação Russa à maneira da Rand Corporation, com base nos argumentos mais feudalmente decadentes que podem existir e isso por que as culturas anglo-saxónicas sempre privilegiaram as máfias elitistas até à apologia de seus think tanks, sem olharem para o lado e sem abdicarem de domínio exclusivista e unipolar!
Como conseguiram esconder o facto de haver uma IIIª Guerra Mundial contra o Sul Global de “baixa intensidade” (que cinismo e hipocrisia essa introdução às constantes práticas do medo, do caos, do terrorismo e da desagregação) em curso desde o último dia da IIª Guerra Mundial causada pela mesma voracidade, aparentam surpresa pelo avolumar das contradições e pelos riscos que elas comportam em todas as movediças placas culturais, sociais, económicas e políticas, de tão habituados que ficaram aos sulfurosos preceitos da “cosa nostra”!
O inimigo a abater ou a neutralizar é aquele que possui em suas mãos os maiores recursos humanos (a República Popular da China) e o bolo maior de matérias-primas (sobretudo a Federação Russa), quando afinal é toda a humanidade e a Mãe Terra que são alvo de toda essa encastelada barbaridade, obscurantista e retrógrada, numa vocação sem limites quando o planeta é já tão limitado!
Em pleno século XXI a irracionalidade da barbárie traz o sinal medieval de sempre!
A Rand Corporation aconselhou em torno da Rússia a eclosão de tantas tensões sucessivas quanto as possíveis, de modo a que como um bombeiro tonto, as forças armadas russas andassem a apagar fogos, uns atrás dos outros, mas denunciaram a sua intenção de tal maneira (dada a sua arrogância é notável sempre a bravata), que as forças armadas russas demonstram a sua enorme organização, disciplina, rapidez, uma esmagadora capacidade de manobra, uma logística ao nível, equipamentos sofisticados inclusive em sectores onde tecnicamente dominam e um grau de operatividade todo-o-terreno por excelência!
A título de exemplo, num ápice, recorrendo a 70 IL-76 e a 5 AN-124, todos eles modernos supercargueiros aéreos, ao abrigo do pedido de ajuda do Presidente do Cazaquistão, deslocaram-se para vários pontos desse país e em menos de quinze dias contribuíram para debelar a crise e já foram de volta como se fosse um exercício numa escala mediana!
A tensão entre a Rússia dum lado e os Estados Unidos e a NATO do outro, assume agora uma visibilidade nunca antes sentida por que as máfias dominantes não querem o “ganha-ganha” da multilateralidade, querem a apropriação à força, ainda que exponham a mentira da “democracia representativa”!
Será que se estão a sair bem dessa aventura quando a Rússia conseguiu entre outras proezas colocar ao serviço de suas forças armadas uma panóplia de mísseis hipersónicos, alguns deles capazes de voo na estratosfera?
02) A Europa é um dos principais focos de tensão desse choque telúrico que das mais variadas maneiras atinge humanidade e planeta, numa combustão por ora lenta que vai aquecendo paulatinamente à medida da cadência dos últimos 30 anos e alterou profundamente a geografia sociopolítica da parte mais ocidental da EurÁsia, aquela que fica a imediatamente a oeste dos Urais!
O choque das placas tectónicas culturais e a escassez gritante de produtos energéticos em função do acumular de crises provocadas pelo exacerbar dos egoísmos da aristocracia financeira mundial, entrou numa fase de decisiva ruptura: ou conseguem apropriar-se das riquezas em termos de matérias-primas energéticas, ou vão deixar de ter capacidade para manter o consumismo ao nível que alucinadamente alcançaram, com um tão baixo preço que até agora conseguiram!…
Em qualquer caso o desamparo é já um pesadelo para a União Europeia!
Com o Nord Stream II pronto a servir a Alemanha e a Europa a partir da Rússia, a tensão no leste em torno do Báltico, da Ucrânia, do Mar Negro, do Cáucaso e agora, mais para leste, da Ásia Central, tende a subir exponencialmente!
A corruptela da “democracia representativa” fica exposta num ambiente desta natureza e provoca a visão de abismo num horizonte muito próximo, quiçá este ano, também por que a multilateralidade não se convenceu com o “canto da sereia”, até por que tem outros argumentos mais próximos do que se pode fazer em termos de concórdia, de harmonia e de paz, mas também por que a Rússia responde com outro vigor, nada displicente quando a NATO está já nas suas fronteiras!
Os bárbaros não colhem esse argumento e como a apropriação e o lucro especulativo estão irracionalmente extremados, as indústrias energéticas e do armamento foram equacionadas num só lóbi de gigantescas proporções e tornaram-se no surdo motor da IIIª Guerra Mundial, agora à beira de declaração, com uma Europa a, mais uma vez, servir de capim face às contingências deste início de 2022!…
03) No Sul Global a fricção entre essas placas tectónicas alinhadas no antagonismo artificioso entre unipolaridade e multilateralismo, as tensões nos mais díspares lugares da Terra vão eclodindo em cascata em função de inteligentes elos de ligação e conexão:
Na Ásia, em território da Turquia e próximo da fronteira com a Síria, um gasoduto “incendiou-se” …
No oriente da Ásia o Aukus move-se contra a China, na tentativa absurda de a isolar e simultaneamente procurar impedir que ela se assuma no seu pleno espaço sociocultural e comercial…
No Cazaquistão, em plena Ásia Central, irrompeu uma tensão que começou nas disputas em torno dos preços do gás e do petróleo e ganhou proporções alarmantes na cidade mais cosmopolita do país (a antiga capital Almaty) a partir da qual se estendeu a outras cidades e até à actual capital…
Nas Guianas a Exxon descobriu um gigantesco depósito de óleos e de gases…
A NATO alarga-se à Colômbia, num momento em que a sociedade colombiana denota crónica e irreversível exaustão sociopolítica, degradação e desespero…
Em Moçambique um artificioso jihadismo irrompe num momento em que se ia começar a extracção de gás em Cabo Delgado…
Em Angola e por causa dos preços praticados com a sua actividade, uma greve de taxistas evoluiu na direcção dum caótico estampido localizado num dos sectores a sul da capital, apenas dez dias depois do estampido no Cazaquistão…
Ainda em Angola por via de Cabinda e a coberto da RDC os gruoelhos da FLEC foram reactivados, um sinal evidente da conjugação das alianças que integram os processos da FrançAfrique que o Macron quer “em novos moldes” …
A influência do encadeado dos “apartheids” sionistas cresce numa África filtrada por contradições e jogos inteligentes de largo espectro e de toda a ordem, filtrada por caos, por terrorismo, por desagregação, com suas alianças malparadas, como acontece com a vocação colonial de Marrocos sobre o Sahara e na porta ocidental do Mediterrâneo, ou em projectos sustentados ainda na avidez e cobiça sobre a riqueza natural e a exploração barata ou semi-escrava de “mão-de-obra” (grande parte dela ao informalidade crónica) e de matérias-primas…
Todos esses são indicadores de agravamento da situação global, numa altura em que os preços dos produtos energéticos sobem sem melhor alternativa, aproximando-se mais dos 100 USD por barril de petróleo do que dos 50 USD, num momento em que por causa da procura, o gás quadruplicou o seu valor de compra no “mercado global” alargado e a doutrina Bidem inspirada pela Rand Corporation e suas reciclagens ganham corpo contra os emergentes e sobretudo contra a Rússia e a China!…
04) A entidade israelita, particularmente a sionista, é perita em tirar partido de situações como a presente em função dos seus alinhamentos antropológicos, económicos, financeiros e históricos!
Desde o início do século que em relação a África vai dando sinais evidentes no âmago dos esforços de inteligência, ingerência, manipulação e formatação, dadas as suas “genéticas capacidades” no âmbito da aristocracia financeira mundial:
. Quando a administração republicana de George W. Bush se decidiu pelas invasões no Médio Oriente Alargado e pela disseminação de coligações capazes de fomentar jihadismo tácito tornando o petróleo no “excremento do diabo”, o sionismo assumiu um papel em tudo isso que levou ao desmantelamento acelerado da Palestina e à tensão contra o Irão!
. Quando o espectro neoliberal foi desencadeado pelo tandem Ronald Reagan / Margareth Thatcher, desde seus vínculos ao “apartheid” que o sionismo filtrou os relacionamentos de Savimbi, na guerra como na paz, introduzindo por via dos tráficos de diamantes, de moeda e de armas os vínculos com as sucessivas direcções das reajustadas direcções da UNITA!
. Quando foi necessário providenciar em África “petróleo para o desenvolvimento” contrabalançando a barbaridade que o “hegemon” unipolar e seu cortejo de vassalos estava a levar a cabo no Médio Oriente Alargado, foi por via do think tank IASPS, Institute dor Advanced Strategic and Political Studies, com sede simultânea em Jerusalém e Washington, que se instituiu o programa AOPIG, Africa Oil Policy Innitiative Group, que esteve na base da gestação do USAFRICOM e o inspirou!
. Quando no cumprimento das formatadas regras da “democracia representativa” os vulneráveis estados africanos entram em período eleitoral, providenciam os enredos inteligentes duma ADI Timor Consulting Ltd, a fim de alargar sua capacidade de influência e intervenção que pode desde logo integrar outras iniciativas, incluindo as iniciativas tácitas de algumas correntes jihadistas!
. Quando tocam em Angola, providenciam esforços utilizando velhos “cavalos de Tróia” no sentido de alimentar a contradição antropológica e sociopolítica fomentadas pelo neoliberalismo com base nos sectores económicos do petróleo e dos diamantes, num momento em que por via neoliberal a Bolsa de Jerusalém entrou em jogo reforçando o esquema dessa instalada guerra psicológica em banho “soft power”!
A dicotomia sociopolítica em Angola é um reflexo artificioso desses contenciosos sucessivamente reaproveitados e o poder, desde o Acordo de Bicesse que é expoente desse malparado quadro que condiciona toda a vida pública a ponto de assim esbater, banir ou inibir qualquer veleidade de instalação de tendências sociais realmente progressistas na sequência da lógica com sentido de vida do movimento de libertação em África!
É a “cosa nostra” neocolonial que com a bênção dum deus meio fundamentalista, meio oportunista, “reina” (que palavra mais adequada, como se estivéssemos em plena monarquia feudal, ou num pré-aviso de regime neofascista, ou mesmo neonazi) em todo o seu esplendor!