A anormalidade entra em desespero quando confrontada com a realidade, o nepotismo é um estatuto, ele é parido por um conjunto de circunstâncias e cumplicidades que se vão acumulando e ganham contornos de irreversibilidade, fazendo prisioneiros os próprios protagonistas.
Adalberto Costa Júnior cimentou expectativas, inflamou o seu narcisismo, mas o seu espaço de manobra não foi além dos oportunistas habituais da UNITA, aos esperançosos activistas subversivos de rua, e probabilidade de garantia de estabilidade do Império de Isabel dos Santos e da imunidade de Tchizé dos Santos.
A insana postura de ACJ face ao desafio da Pandemia com que se debate o Planeta, caracterizou uma ausência de responsabilidade transversal que exige solidariedade universal, mas a suprema hipocrisia foi debochar da fome a partir do salão nobre do hotel mais caro do país. Isto, e só isto, faz o mundo tremer só da possibilidade de um país como Angola tombar nas mãos de tamanha leviandade.
Mas o nepotismo tem as suas dinâmicas, e perspectiva na elaboração das listas de prioridades é algo concreto, e logo para começo esbarrou na intransigência dos dinossauros donos do Galo Negro, que rejeitaram de imediato que os filhos, noras, afilhados fossem ultrapassados por intrusos, e logo, logo, a fragmentação oculta no folclore ruidoso de rua, eclodiu e a FPU tal qual foi idealizada e negociada chegou ao fim.
A sistemática ilegalidade do PRA-JA de Abel Chivukuvuku, o peso irrisório do Bloco Democrático e a intromissão de marimbondos, e ainda alguns operadores de rua que exigem legibilidade, colocaram interrogações numa altura em que os cidadãos dão conta que a UNITA é, também, um ninho de marimbondos que nada edificou em Angola até hoje, no seu trajecto deixou trilhos ensanguentados de escravatura e morte criando uma identidade sem perdão.
Jonas Savimbi pela sua trajetória infeliz, inteligente que era, convenceu-se que não ganharia nunca Angola nas Urnas, em Voto secreto nem nas suas zonas ganharia, tinha demasiados anticorpos, e a partir de certa altura sabia-se psicopata, ainda espreitou em Mandela uma abertura para Angola, mas já não controlava o seu próprio gabinete. Despejou fortunas imensas em amizades interesseiras, o tempo passou, pesou, e o fim era inevitável.
ACJ a UNITA/FPU não tem força, prestígio, parcerias nem estratégias, cresce no descontentamento do MPLA, isso é balofo, a questão demográfica e o povoamento de território, a educação, a saúde, as infraestruturas, o apoio social a idosos e maternidade, tudo isto só é viável com investimento que proporcione crescimento sustentável, é um caminho longo e difícil, perderam-se oportunidades, criaram-se vícios, e só agora há uma luz que se acende ao fundo do túnel, João Lourenço sem restrição da liberdade, sem bloqueios da democracia, combatido infamemente, fez o seu percurso, conquistou espaços para Angola no mundo, ganhou reconhecimento, seria desastroso, catastrófico, retroceder.