Sabia da boçalidade, sempre tive noção dos propósitos, sentados numa mansão em Luanda ou num restaurante em Paris, a alma permanece eterna na Jamba, terra de ninguém, chão queimado, onde nas cinzas jazem vidas de gente que simplesmente se atreveu a dizer não às atrocidades, e negou perder a dignidade nos hediondos caprichos destes energúmenos.
Fui ameaçado por não calar a voz da minha revolta, sou livre, nunca recebi nada da UNITA, dei-lhe parte de mim para que muitos destes nefelibatas incongruentes herdassem um ninho, enganei-me algum tempo, consegui escapar das garras inquisitoriais destes predadores que hoje perseguem em matilha com cérebros insaciáveis e sedentos em busca da selva nauseabunda onde se deliciam como abutres.
Não tenho medo nem receio de enfrentar a seita nem de catalogar a corja, são népias cobardes clandestinas arreigadas a um nepotismo atroz que se revela frágil nas horas da decisão secreta, como o voto. Pelo caminho ficaram quem quis mudar, barbaramente assassinados, outros conseguiram escapar, mas na cúpula hermética decisória a família, o casamento de conveniência, os negócios escuros, são fatores que unem os proprietários do Galo Negro, que à sombra do mito Jonas Savimbi, vão navegando a onda psicopata.
Vejamos:
As novas gerações alienadas por verborreias ruidosas, embaladas no sonho de futuro fácil, aderem a abjeta marcha do conluio, e o tacticismo em cada partida junta o que não chega à meta, são uma mentira, o eco de uma vacuidade imensa, uma amálgama de silenciosos derrotados, que por desespero ocorre-se-lhes a sabotagem.
Eugénio Manuvakola desertou e fundou a UNITA/RENOVADA, traindo Jonas Savimbi. Regressou, voltou à família que traiu Savimbi e contribuiu para a sua morte.
Abel Chivikuvuku, percebeu-se que era uma questão de tempo, protagonizou em nome da família um golpe contra Samakuva, que não pertencia ao grupo. Procurou o regresso de várias formas, e na ilegal FPU encontrou o caminho que o pode levar à liderança nas próximas eleições.
João Baptista Tchindande depois do saque no governo provincial do Cuando Cubango (tornou a filha Bela a maior empresária, tem uma frota de viaturas do Estado e investimentos conjuntos com Fernando Teles), está de regresso à família e com o peso de fundos dos marimbondos.
Sachipendo Nunda perfila-se no governo sombra como ministro da defesa em detrimento de Kamalata Numa, que por decisão do comando da Vila Alice, vai ver o comboio passar.
Demóstenes Chilingutila que toda gente sabe ter chegado atrasado ao helicóptero no Huambo que levou Nunda, nunca sofreu punição, era um membro pesado da família, casado com uma prima de Lukamba Gato e compadre do próprio Nunda.
A lista é infindável, não há deputado que não seja familiar da tutela de comando, Adalberto é o intruso conduzido na cegueira da sua veia megalómana, é uma exigência de José Eduardo dos Santos e Isabel dos Santos, que veem nele uma ascensão meteórica capaz de lhes garantir a impunidade que tanto almejam.
A arrogância cria nesta gente e nos seus pombos correios, um ímpeto de vitoriosos antecipados, como bons inquisidores já têm a lista das condenações, como embriagados pela sede de vingança, lutam impacientemente contra o tempo até que lhes sopre de feição, mas é precisamente o tempo que muitas vezes não nos dá respostas.
Angola não pode nem deve submeter-se a mais experimentalismos inconsequentes, muito menos permanecer na expectante agonia de uma ameaça à segurança pública e defesa do Estado, urge iniciativas capazes de estancar este permanente desvio das atenções dos cidadãos, o momento é de viragem, o Governo tem sabido tirar proveito do prestígio reconquistado internacionalmente, que mesmo com a perene força de bloqueio da Oposição, vai produzindo progressos assinaláveis em vários domínios. Discretamente, em silêncio, sem alimentar picardias, João Lourenço tem demonstrado determinação com tempos adversos, ao seu estilo não vacila no trilho de Angola do amanhã.