FPU. Entre o vago e o ilegal

ByTribuna

23 de Dezembro, 2021

Nada de novo na gasta FPU.

Não se sabe o que é pior no anúncio requentado da velha FPU. Se a ausência completa de um projecto que não seja a maledicência, se o desprezo pela lei e direito, a coberto duma retórica balofa.

O anúncio de 23 de Dezembro, lido pelo suposto dirigente da coisa, é um cadáver adiado pela ausência de vida e ideias. Nas cinco páginas não existe uma única proposta de futuro, uma única política pública advogada. Não há o básico, como que política económica a FPU adoptará? Como combater o desemprego? Como dar oportunidades à juventude? Como lidar com os bancos em dificuldades? Qual a posição face à infiltração do Ruanda na RDC?

É confrangedor ver que esta oposição se esconde perante palavras vagas e o que que propõe ao país resume-se a “ondas”, “boomerangs” e um “Santo Natal” (o que todos desejam).

Tão mau como a ausência de ideias é o ataque desastrado feito ao poder judicial e a ilegalidade da presença de Abel Epalanga Chivukuvuku.

Uma boa parte do discurso do dirigente ataca sem contenção o poder judicial. Esta FPU quer acabar com o poder judicial, possivelmente, criando tribunais revolucionários, e assenta baterias no tribunal constitucional. Esquece-se que este tribunal tem a maior das legitimidades democráticas e até conta com membros designados pela UNITA. No discurso de ódio judicial viu-se o futuro sonhado da FPU: a destruição das ainda frágeis instituições democráticas e de direito existentes em Angola. A FPU quer a instauração violenta da ditadura.

O que o dirigente da FPU não explicou é como que se deixou ficar como cidadão português tantos anos, para só apenas depois de ser candidato a presidente da UNITA -e apenas quando obrigado- é que deixou de o ser. Que confiança se poderá ter num angolano relutante?

O desdém pela lei e direito são ainda reforçados por Chivukuvuku. Este não é nada partidariamente. Representa uma intenção falhada de um partido. O artigo 36.º da Lei dos Partidos Políticos não engana: aquele que dirigir um partido político depois de indeferido o respectivo pedido de inscrição, é punido com a pena de prisão até seis meses e multa correspondente.

É evidente que o líder do indeferido PRA-JÁ continua a agir como se o seu projecto de partido não tivesse sido rejeitado pelo tribunal. Está assim a cometer um crime de desobediência. Simplesmente, devia ser preso.

Além do mais, surpreende não haver uma palavra consistente sobre o combate à corrupção além de generalidades, ficando bem óbvio quem apoia esta FPU. São os corruptos, aqueles que destruíram a economia e a sociedade angolanas que agora vieram descobrir amparo na FPU.

Não haja enganos, a FPU é a tentativa desesperada dos marimbondos e seus aliados de voltarem ao poder e continuar a pilhar Angola.