A dúvida

ByKuma

22 de Dezembro, 2021

O Governo da Turquia, no seguimento dos contactos do Presidente Erdogan com João Lourenço, decidiu investir na província do Cunene, na implementação da maior central de energia fotovoltaica de África, capaz de produzir energia para o Sul de Angola e Norte da Namíbia, e de alimentar máquinas capazes de bombear água para irrigação que proporcionem grandes projectos agrícolas.

Para o efeito associou-se as já experimentadas empresas belgas produtoras de energia, o Grupo Suez através da Fabricom, e a Degussa Petróleos de Antuérpia, ambas já ancestralmente investidoras em Angola no tempo colonial, o Grupo Suez é proprietário também do Banque Sociéte Générale, que explorava o Caminho de Ferro de Benguela, e a Degussa que estava em Angola representada pela FINA combustíveis. Para o efeito do investimento foi encomendado à empresa SOGEMIP, sedeada em Palmela-Portugal, empresa experimentada na Europa e no mundo na área da fabricação, que está nas obras de exploração do Gás Natural e na construção de uma refinaria na China.

Acontece que a Bélgica mandou que o investimento sofresse um adiamento cautelar, até que se realizem as eleições em Angola, o investimento é muito alto, entre os 300 e 400 milhões de dólares numa primeira fase, e as informações dos serviços de inteligência europeus temem o caos com a probabilidade de uma vitória da UNITA ou a tentativa de tomada do Poder pela força, insistentemente apregoado pelos dirigentes responsáveis do Galo Negro. Ontem mesmo, através do seu Canal televisivo clandestino, os marginais arruaceiros, no expoente da sua ignorância demolidora, deram realce absoluto como conquista com apoio da UNITA o protesto da Associação Justiça e Democracia e Paz, dando ênfase ao descontentamento dos médicos, mas afirmando como causa a ditadura do MPLA e totalitarismo do Chefe de Estado João Lourenço.

Ora, para além do propósito de lançar calúnias e estampar a boçalidade da visão política de sanzala, a contradição assume contornos de tal demagogia que nem tem classificação de tanta burrice.

O protesto dos médicos é absolutamente normal num mundo civilizado moderno, mas só é possível amparado na liberdade de um regime democrático com liberdade de expressão e manifestação, algo que a UNITA, infelizmente, ainda não introduziu na sua aprendizagem. Nada é feito por acaso, não sejamos tolos e ingénuos, no pequeno mundo destes energúmenos a tolerância e benevolência é tida como fraqueza, faz crescer a sensação de impunidade, eles sabem que lançam o medo, pouco lhes importam as consequências, obstrução ao desenvolvimento é a arma eficaz para o descontentamento, é o que sabem planear no silêncio até que alguém diga que basta.

Em 2017 não votei em João Lourenço, nunca votei no MPLA, hoje suplico para que o Chefe de Estado actue como um feroz ditador, mas temo que a falta de determinação possa deixar Angola resvalar para um caminho sem retorno, em direcção ao abismo. Não tem de provar nada a ninguém, e o Estado tem de ser fiel à sua dignidade, o mundo está atento, e a UNITA como líder da oposição, ontem, já foi longe demais.