Algumas das armas de arremesso da propaganda sonora dos alienados, assenta em palavras chave com efeito maximizador da linguagem, resiliência, nepotismo, corrupção, Tribunal Constitucional, SINSE, marimbondos.
Se regressarmos aos tempos pré Independência podemos fazer analogias com reivindicação, exploração, liberdade, escravatura.
Agora pegaram na fome relativa, deixaram cair as autarquias, fala-se de Sociedade Civil, são modas que escondem e disfarçam vulnerabilidades ancestrais repetidas na modernidade, a UNITA nasceu da semente do ódio, acantonou-se no racismo e regionalismo, lutou contra angolanos que muito antes tinham iniciado a luta, trilhou um paralelismo com os catangueses de Moisés Thombé.
Estou crente que a juventude angolana não tem conhecimento da história, é tudo um tacticismo que vem de longe, a vida começou muito antes de Jesus Cristo, a Luta de Libertação começou muito antes de Savimbi, e os jovens de hoje e de ontem são as vítimas de uma luta fratricida pelo Poder, foi a UNITA que se instalou na suburbanidade, no mato, e sabotou a economia e o desenvolvimento, é a sua sina, ciclicamente vem à tona, sempre com máscaras de democracia, em 1975 apoiada pelo Batalhão Búfalo da África do Sul, em 1985 apoiada por Ronald Reagan, em 1992 com a mentira de ser o que nunca foi, era um Estado dentro do Estado explorando recursos do território, explorando o Povo, e voltou com a sua demagogia crónica à guerra até 2002, até que aniquilada pelas tropas governamentais. Gbadolite, Bicesse, Lusaka, Luena, foram etapas rasgadas pela ambição única que persiste, o Poder, é nesses alicerces que erguem todas as manobras de agora, está cada vez mais evidente.
A UNITA é hoje e cada vez mais, um clube de amigos aliados concêntricos a um eixo fundamental, a estrutura hermética familiar, sem capacidade de Estado, sem noção de governação, uma plateia em que aplaudem uns aos outros. O que seria hoje a UNITA sem telemóveis ou a proliferação de Redes Digitais? Facilidade de impressão a cores de propaganda elaborada por empresas de marketing principescamente pagas? Rede de telefones privados com frequência cristalizada e codificada sedeada em Israel?
Claro que seria algo residual dos escombros da Jamba, deslumbrados, todos, mesmo todos, pelas mordomias da capital.
E o nepotismo é a forma de gestão do Galo Negro ainda nos dias de hoje, há uma cúpula hermética cuja hierarquia não corresponde à do Partido, existe até hereditariedade.
Samuel Tchiwale – filho e esposa deputados
Eugénio Manuvaloka – Filha deputada
Isaías Samakuva – Esposa, filha e irmã deputadas,
Ernesto Mulato – Filha candidata a deputada,
Lukamba Gato – Irmãos todos generais e irmãs nas embaixadas
Jaka Jamba – Esposa deputada e filha candidata
Alcides Sakala – Filha deputada
Adriano Sapinala – Filho de Tchiwale
Liberty – Sobrinho de Samakuva
Navita Ngolo – Filha de Eugénio Manuvakola
Elingui Chilingutila – Filho de Demósthenes Chilingutila
Clarise Caputo – Viúva de Salupeto Pena,
João Baptista Tchindande – Compadre de Lukamba Gato
Abel Chivukuvuku – Primo de Lukamba Gato
Simão Dembo – Sobrinho de António Dembo
Alicerces Mango – Era irmão de Jorge Valentim
Ben Ben – Era sobrinho de Savimbi
Martinho Epalanga – Era primo de Jeremias Chitunda
Wilson dos Santos e Tito Chingunji – Eram cunhados
Se analisarmos nas províncias e municípios a escala ainda é mais profunda, é uma teia familiar que nunca deixou de funcionar à margem da sociedade e da própria militância do Galo Negro, e os que não comunicam em Umbundo são excluídos, este é um requisito inquisidor demonstrativo do que seria o Poder desta gentalha.
O MPLA cometeu erros, um deles foi ter sido conivente com a UNITA em momentos cruciais, José Eduardo dos Santos mandou matar Jonas Savimbi, aniquilou a UNITA, alcançou a Paz, mas estendeu a mão àqueles que traziam o veneno nas suas mentes, foram erros caros, a rendição do Galo Negro e a assimilação dos oportunistas vencidos, legitimaram a veia corruptiva de Eduardo dos Santos e seus sequazes, como Manuel Vicente, Kopelipa, Dino, Zé Maria, João de Matos, Nandô, soube alimentar e converter os rendidos, jogou até com a oportunidade de colocar Marcolino Moco a chefiar um governo para calar as hostes Umbundas. É o preço que hoje Angola paga, a integração dos “maninhos kwatchas” custou milhões, deram-lhes alguma impunidade, uma mão lavou a outra e as duas lavaram a cara.
João Lourenço teve como herança de um país endividado, um presente envenenado sem Lei nem Ordem, dependente do petróleo com preços ao nível dos custos de produção, fatalmente não houveram meios de execução da transformação desejada, o adiamento da mudança só agora começa a ser ultrapassado, com confiança, estabilidade, investimento, segurança, prestígio das instituições, coesão das Forças de Segurança, que são o melhor garante de um futuro melhor, não pode um grupo de energúmenos na sua ânsia frenética de protagonismo, possam, a qualquer preço fazer de Angola terra queimada.
É um desafio gigantesco, mas decisivo para a sociedade angolana, para muitos 1992 ainda está presente, ainda jorra nas mentes de muitos cidadãos a arrogância da UNITA semelhante à de hoje, derrotados nas Urnas em eleições reconhecidas por todos os observadores internacionais que acompanharam o sufrágio, a resposta à derrota foram mais dez anos de guerra que marcaram todos os angolanos de Cabinda ao Cunene.