A venda de ouro da mina Buco-Zau de Angola, não só aponta para o renascimento de parte da economia do país, mas também é um sinal do impulso do país em direção à diversificação económica.
Nas próximas semanas, a mina angolana de Buco-Zau, situada na província de Cabinda, provavelmente vai produzir uma das exportações de ouro mais significativas do país em quase meio século.
A venda de 15 kg de ouro de um depósito secundário é uma ocasião importante, que marca um novo capítulo para Angola. Não apenas sinaliza o renascimento de sector, antes essencial na economia do país, mas também é um sinal do sucesso do recente impulso do país em direção à diversificação económica.
Uma parte fundamental desta estratégia económica é voltar a focar-se no setor de mineração do país. Outrora, Angola era conhecida pela produção e exportação de minério de ferro, ouro, cobre e outros minerais. Actualmente, alguns investidores e o próprio governo estão a desenvolver um esforço para reactivar o sector da mineração.
O governo angolano está optimista em relação aos diamantes e anunciou recentemente a intenção de se tornar o maior produtor de diamantes do mundo em valor até ao final de 2023. Em 2016, Angola foi o sexto maior produtor de diamantes a nível mundial e o terceiro maior em África, com uma produção anual de nove milhões de quilates.
“A oportunidade é real e existe um ímpeto significativo”, afirma Valdomiro Minoru Dondo, um empresário angolano que vive em Luanda desde o início dos anos 80. “Apenas 40% do país foi explorado e sabemos que existem vastos depósitos minerais. A ocasião para o desenvolvimento de negócios é clara. O obstáculo a superar é a difícil história da mineração neste país, para convencer os investidores de que Angola realmente virou a página”.
A indústria de mineração de diamantes de Angola valia $ 1,2 biliões em 2019. Estes dados basearam-se em estudos de prospecção concentrados nas províncias da Lunda Norte e Sul.
Algumas regiões de Angola têm estado fora do radar de geólogos e engenheiros que procuram depósitos com potencial suficiente para gerar investimentos de raiz. Estudos mais recentes têm mostrado que as províncias do Huambo e Bié, ao longo da cintura de Lucapa Graben, têm igual potencial em termos de reservas de diamantes e rentabilidade.
Mas o sucesso recente de Buco-Zau mostra que as perspectivas para Angola vão além dos diamantes. “Esta primeira exportação é resultado apenas da exploração do depósito secundário do local, que consiste em ouro aluvial”, destacou Adriano Leal, director das Sociedades de Mineração Buco-Zau e Lufo.
“Buco-Zau está a minerar ouro aluvial, ao mesmo tempo em que pesquisa o depósito primário. Esperamos exportar mais 20 kg no primeiro trimestre de 2022, o que mostra o enorme potencial desta mina”, salientou o director.
Angola já licenciou 28 projectos de mineração de ouro, 20 dos quais já se encontram em fase de prospecção. A capacidade média de produção de cada mina é de 4,5 kg por mês de concentrado de ouro – uma quantidade significativa para o mercado.
Parte integrante da construção da confiança na indústria de mineração é garantir aos investidores que todos os projetos de prospecção e mineração estarão em conformidade com os padrões ambientais, sociais e éticos. Ambas as minas, Buco-Zau e Lufo, que se situam na Área Protegida Transfronteiriça da Floresta Mayombe, só foram capazes de obter licenças de mineração após uma revisão ambiental completa e compromissos de reflorestamento, incluindo a construção de um viveiro de árvores com mais de 5.000 mudas de árvores.
Apesar das oportunidades, os novos participantes no sector de mineração devem estar cientes dos desafios. “O maior obstáculo ao crescimento é a tecnologia e o know-how”, observa Minoru. O empresário afirma que o sector precisa de investimentos internacionais para atingir o seu potencial máximo, principalmente de empresas americanas que possuem expertise em metalomecânica, electrónica e engenharia, vitais para o sucesso do sector.
Recordamos que Angola implementou novas medidas de apoio ao investimento estrangeiro, incluindo a promulgação da Lei da Concorrência em 2018 e da Lei contra o Branqueamento de Capitais em 2020. Nos últimos dois anos, o governo criou a Agência Nacional de Recursos Minerais e a Bolsa de Diamantes de Angola, instituições que ajudarão a facilitar ainda mais o crescimento sustentável, transparente e equitativo do sector de mineração em Angola.
Em 2019, a Lucapa Diamond Company desenterrou um diamante de 130 quilates de sua mina do Projecto Lulo Diamond.
Estes tesouros são indicativos das vastas reservas inexploradas de pedras preciosas e minerais em Angola. Com o aumento do investimento estrangeiro, facilitado pelo fortalecimento do governo e instituições financeiras, o país será capaz de realizar todo o potencial que tem neste sector.