Lendo atentamente Fiódor Dostoiévski nos seus ensaios sobre o marxismo, lançada que estava a semente do espectro do comunismo por Karl Marx e Friedrich Engels, ou mesmo a dissertação sobre a aplicação do nacional fascismo de Enrico Corradini, encontramos no tempo as respostas para o guião revolucionário de Adalberto Costa Júnior, e o temor maior é sabermos no que deram os aventureirismos de Estaline, Mao Tsé Tung, Pol Pot, Hitler e Mussoline, crimes contra a humanidade que ceifaram milhões de vidas, nuvens negras que pairam sobre Angola que emergem da irresponsabilidade da UNITA, da FPU, de um PRA-JA ilegal e inexistente, e um punhado de loucos que alimentam um projeto desta natureza, assente na cegueira do Poder a qualquer custo.
Depois de terem semeado o medo e fazerem florescer o pânico, exercitando a fome, chagas sociais enraizadas há 45 anos, nos dois lados da guerra, ontem mesmo no Cuanza Norte ACJ deixou cair a máscara do Galo Negro/Marimbondos, e apregoou a UNITA/FPU de rua, uma mistura explosiva em conluio com ativistas subversivos e anárquicos, perspetivando um endurecimento da luta.
João Lourenço enfrentou durante três anos um ataque cerrado implementado pela centena de angolanos que controlam 90% da riqueza angolana, encontrou o petróleo na rua da amargura, e enfrentou a pior crise pandémica do século, e a escumalha insaciável não deu tréguas, os inimigos de então, hoje aliados, tentam ensombrar o país politicamente, e minar o desenvolvimento, e têm tido a liberdade de o fazer porque vivem em plena democracia.
Mas que não haja ilusões, as instituições angolanas, mesmo carentes e com dificuldades, estão atentas, estão a ser observadas e encorajadas pelo mundo, e a democracia tem regras, tolerantes é verdade, mas exigentes e determinadas porque nelas assentam o Estado de Direito e a segurança dos cidadãos. O tecido empresarial, os apoios sociais, na saúde, na educação, no conhecimento, na formação, o pleno das instituições, as vias de comunicação, o saneamento básico, tudo quanto envolve o nível civilizacional de uma sociedade, não pode, seria impensável, nem com obra de milagre, fazer em três anos o que não foi feito em quatro décadas.
Mas é caso para perguntar onde andou a UNITA? O que sobrou no seu espaço e no seu tempo, de positivo para o país, também tem marimbondos ricos, fizeram-se execuções sumárias, cometeram atrocidades racistas, tribalistas e até vinganças de índole pessoal, onde estudaram ACJ e os filhos dos dirigentes do Galo Negro, onde se trataram os quadros doentes da UNITA e seus familiares?
Talvez não seja tão estranho assim este romance entre os Kwatchas e os Santistas, A filha de Tchindande é no Cuando Cubango o que Isabel dos Santos era em Angola, Lukamba Gato, Abel Chivukuvuku, Tchindande, Chilingutila, Dachala, Manuvakola, Jardo Muecália, Isaias Samakuva, são os milionários cujos filhos, que estudaram fora de Angola, se perfilam no Poder da UNITA, Navita é filha de Manuvakola, Sapinala é filho do Chiwale, Liberty é sobrinho de Samakuva, Beatriz Lukamba é filha do Lukamba Gato, e outros próximos de Savimbi que são detentores de grandes propriedades e empresas em Angola e no Exterior.
Transparência? Quem ficou com a fortuna de Jonas Savimbi depositada em Londres, Paris e Geneve? Quem ficou fiel depositário de uma quantidade exorbitante de diamantes que alimentavam a guerra e pagavam todos os luxos dos delfins da UNITA? Quanto custavam em Paris dezenas de prostitutas de luxo em hotéis 5 estrelas para as comitivas de Jonas Savimbi?
A UNITA traz consigo uma mistura explosiva, nada é novo, o caminho percorrido desde 1976 foi de ódio e guerra ao MPLA, na doutrina nunca se ensinou ganhar eleições, treinou-se sempre para lançar o medo, criar o pânico e tomar o Poder pela força, foi sempre assim por onde passou, por onde dominou, quantos tombaram porque queriam mudar, muitos morreram por não aceitar o caminho, a UNITA nunca jogou a democracia, encostou-se a ela porque foi militarmente derrotada e politicamente rendeu-se porque as populações já não suportavam tantas atrocidades.
O Galo Negro não é um Partido nacional, nem sequer regional, é uma amálgama familiar de pais e filhos, irmãos e sobrinhos, afilhados e afinidades matrimoniais, todos generais e doutores, é uma pequena plateia ruidosa de analfabetos políticos funcionais, refastelados na Vila Alice ou em Talatona cercados de muros altos onde escondem a servidão e escravidão voluntária.