Triste e desolador

ByKuma

19 de Novembro, 2021

Encenado com pompa, servidão engalanada, mentiras minuciosamente elaboradas, desfile de vaidades, disfarce da vacuidade, iluminismo oco na substância e no eco, sinais evidentes de preocupação na leitura do quadro podre e estupefacto que desfraldou publicamente os alicerces de uma catástrofe anunciada.

ACJ é fruto amadurecido de um terrorismo ideológico nauseabundo, é um sumo híbrido tóxico que contamina multidões alienadas no desespero de uma causa perdida. O Poder é a ideologia, ele vai no andor dos crentes na religião das promessas, carregam-no com a esperança num amanhecer milagroso mesmo que fraudulento, e o nauseabundo já antecede mesmo a podridão que se adivinha.

ACJ teve ontem o mérito da rendição interna, colocou de joelhos muitos daqueles que não o suportam, é reconfortante constatar o general Lukamba Gato feito cão de fila, quando não há muito, só via defeitos e ambição desmedida no agora venerado chefe. Tão desolador foi a rendição absoluta do general Kamalata Numa arrastar-se a dar brilho como graxa ao seu opositor no congresso da ficção. A UNITA é suportada por estes generais que se rendem e vergam perante perspectivas alucinantes, ainda bem que o fizeram agora, o que seria esta gentalha no Poder a vacilar perante as dificuldades da governação?

Estes incultos deslumbrados e sem ideologia, resumem o seu discurso ao passado, a substância não vai além do mito de Muangai, e no balanço da história não sobra uma palavra por aqueles que perderam a vida pela democracia e tiveram a ousadia de contrariar a guerra, como Wilson dos Santos, Jorge Sangumba, Tito Chingunji, Bock, e tantas mulheres anónimas que sucumbiram pelo simples de facto de não cederem aos caprichos dos tiranos, alguns hoje alçados ao palco da encenação travestidos de democratas.

A UNITA não é apenas Muangai, aliás os fundamentos de Muangai foram e estão a ser subvertidos por uma história por contar ou até mal contada, mas já não há vergonha que a consiga ocultar. Levar ao palco alguém com 90 anos não legitima a mentira, mudei fraldas à ACJ, joguei a bola em Quingenje, no Ukuma e no Longonjo com o seu irmão, o sr. Adalberto Costa e a sua mãe dona Natália, gente humilde e respeitada, o pai trabalhou com um camião do meu pai, uma Bedford, de seguida trabalhou com um camião Trader do Agostinho Tavares Rodrigues, no Ukuma, foi batizado em 1962 na Missão da Camela pelo padre Leão Brun, suíço da Ordem de Bizâncio, na Catedral de Nossa de La Salette, ainda Quingenje pertencia a Benguela, o meu pai arranjou emprego para a sua irmã mais velha Noémia na Administração de Quingenje, e por fim o meu irmão mais velho Eurico casou com a sua irmã Mélita, professora primária. Por força geográfica, própria da ocasião, ACJ tirou o cartão da UNITA em Quingenje em 1975, com 12 anos de idade, mas como refugiado interno pertenceu aos Pioneiros do MPLA desde então até ir como refugiado para Portugal, para a cidade do Porto, em 1980.

A mentira retira dignidade ao homem, omitir o seu casamento e a paternidade dos filhos, em nome de uma relação nova, sendo uma questão pessoal, não é coisa pouca para quem quer ser figura pública, ocultar ou renegar às suas origens é comprometer a sua verticalidade, é golpear a sua honorabilidade. Mas o mais perigoso e até desafiador do futuro de uma Nação, é num conclave de militantes, que deve espelhar a real intenção de uma candidatura, surgirem em palco em desobediência às regras, agentes do terrorismo publicamente reconhecidos, a insultarem, agredirem e desafiarem o Presidente da República e outros governantes, com obscenidades vergonhosas e criminosas, e serem aplaudidos e apadrinhados por um candidato embalado nas suas alucinações.

Enquanto cidadão, espanta-me que perante tal desaforo público, as autoridades policiais, a Justiça, e demais órgãos que tutelam a cidadania e a Ordem Pública, permitam que estes abusos prossigam e se propaguem. A Democracia tem de dispor de instrumentos de defesa, ao legitimar estes agitadores terroristas, participar numa célula a acção subversiva como a FPU ilegal, estabelecendo parceria com um líder de um Partido inexistente PRA-JÁ. ACJ pode dar à UNITA o cunho de uma organização terrorista, creio que ACJ já demonstrou pela sua personalidade que não tem condições de liderança de um Partido Político, a menos que a UNITA seja outra coisa qualquer.

Na minha correspondência eletrónica (email) tenho, de 2019, até 72 horas do Congresso anulado, afirmações do general Lukamba Gato e de sua esposa Felicidade Chipuka Paulo, que atestavam horrores de ACJ tratando o agora próximo e Miahela Weba como detestáveis no seio da UNITA.  Ódio a Samakuva e Alcides Sakala uni-os, é nestas incompatibilidades que se adivinha o caos do Galo Negro, acrescido do regresso mascarado aos kwatchas de Abel Chivukuvuku.