UNITA e o trágico despertar

ByKuma

9 de Novembro, 2021

Com o Galo Negro em cacos, entre acusações e sentenças, já se notam alguns protagonistas, sorrateiramente, em busca do disfarce entre os escombros.

Mas afinal que UNITA sobrou?

Sobrou a UNITA prisioneira de ACJ e seus arruaceiros de quem já não consegue dissociar-se, usam metodologias terroristas, não têm ideologia senão o Poder, arrastam consigo anarquia e medo. A analogia com a ETA do País Basco, o DAESH em Cabo Delgado, ou até mesmo às FP25 de Abril, colocam-nos como um fenómeno que urge estancar sob pena de danos irreversíveis.

Há uma das sobras da UNITA que está sobressaltada, rendeu-se a José Eduardo dos Santos, beneficiou das mordomias dos marimbondos, tornaram-se empresários, vivem sumptuosamente em Luanda e outras capitais onde têm escolas de referência para os filhos e hospitais de luxo, mas que hoje transformaram-se em presas de uma estratégia em que o general Zé Maria chantageia com a revelação de detalhes da rendição.

Sobra a UNITA humilde e pobre, esquecida, ignorada, essa mesma UNITA a quem ludibriam com peditórios desonestos, gente a quem tudo lhes é negado, mesmo o mais elementar.

O nepotismo do Galo Negro, no extremar de confrontos internos, cria ambiente propício a revelações surpreendentes, sem que nunca tenham sido prestadas contas aos filhos de Jonas Savimbi, sabe-se agora de património assinalável de Samakuva em Londres, onde habitam os filhos, e Paris onde uma irmã controla os seus haveres, enquanto outros dispõem de luxos milionários como Lukamba Gato na África do Sul, Abel Chivikuvuku nos Estados Unidos, Tchindande em Portugal.

Esperava-se mais de Isaías Samakuva do que emprestar o nome e a legitimidade da UNITA para aclamar ACJ, os próximos dias dirão muito do futuro do Galo Negro, eventualmente já está faltar coragem para que o desastre não seja fatal, mas se olharmos para o palco vemos apenas um somatório de vaidades iluminadas, veremos se há alguém capaz de apagar a luz e colocar ordem.