Todos sabemos, ou no mínimo imaginamos, o quão difícil é para o cidadão comum se deslocar nos municípios de Luanda mais populosos. Para algumas pessoas, estar como uma “sardinha em lata” nos autocarros, é uma triste realidade no seu dia a dia, chegando muitas vezes ao seu local de trabalho já desgastado e fatigado, sabendo de antemão que o regresso a casa pode ser igualmente penoso.
Em algumas vias de Luanda, com destaque para as principais avenidas, todos os dias observamos autocarros das operadoras privadas, mas também da estatal Tcul (Transporte Colectivo Urbano de Luanda), sobrelotados com os utentes a apertarem-se uns aos outros com a única preocupação de chegarem aos seus destinos. Este cenário, não sendo recente, tornou-se mais complicado de gerir com a pandemia covid-19, uma vez que o respeito pelo distanciamento social nas paragens dos autocarros ou dentro do próprio transporte se torna um exercício irrealista, seja por falta de colaboração de alguns cidadãos, ou mesmo porque simplesmente se torna impraticável.
Todavia, têm sido desenvolvidos esforços bastante meritórios ao longo dos últimos meses que são de sublinhar. A título de exemplo, há cerca de um ano, 220 novos autocarros entraram em circulação na província de Luanda.
Agora, entram em circulação 71 novos autocarros, adquiridos no Brasil, para serem distribuídos pelas cinco operadoras que actuam no mercado, devendo a frota chegar aos 900 veículos até 2022. A aquisição destes autocarros, apesar de não resolver todos os problemas, representarão uma mais-valia. A sua circulação poderá minimizar as dificuldades encontradas no uso diário dos autocarros.
O ministro dos Transportes de Angola Ricardo de Abreu, anunciou que o executivo, em colaboração com os governos provinciais está a implementar o programa de expansão e reforço do transporte público. O ministro recordou também o que já tem sido executado, realçando que a capital angolana já beneficiou de perto de 500 autocarros, desde finais de 2019 até à presente data, podendo chegar aos 650 veículos até ao final do ano.
“Depois de muitos anos de ausência vamos ter articulados a circular em Luanda e pensamos que isso vai ter um impacto muito grande no transporte de pessoas e no desafogar de tudo que é pressão a nível das filas dos transportes públicos e ao longo de 2022 vamos continuar a fazer a expansão dessa nossa frota. Estamos a contar chegar em Luanda aos 900 autocarros já em 2022”, destacou o titular da pasta dos transportes.
Realce também para o lançamento muito em breve do sistema de bilhética integrada, que será testado a título experimental nas províncias de Luanda e Huíla, estando já em execução na província de Benguela. Este sistema integrado de bilhética vai permitir a introdução do passe social, um elemento valoroso para a melhoria da condição de vida da população.
Este cenário mais favorável para o futuro próximo dos transportes de Luanda, foi corroborado pela governadora da província, Ana Paula de Carvalho, a qual evidenciou “que estes autocarros irão melhorar consideravelmente a mobilidade urbana na província de Luanda, que em horas de ponta, verifica ainda grandes enchentes em algumas paragens”.