Numa mesa virada para o rio douro, em repasto opíparo a convite do meu grande amigo Valentim, do Cubal, tivemos a agradável companhia do senhor embaixador da Argélia em Portugal, Abdelmadjid Naamoune.
Homem atento a África, conhecedor de meandros diplomáticos, com grande experiência, conhece perfeitamente os meandros dos países lusófonos e suas debilidades.
Sobre a realidade angolana, partilhou a ideia convergente de que há muito ruído impertinente que vai causando, em termos de credibilidade internacional, danos avultados à economia angolana.
A UNITA está sem rumo obcecada com a pressa de conquistar o Poder, espelha-se nela uma organização anárquica e perigosa, com a razão diluída em intervenientes que encontraram nessa partilha uma forma de rentabilidade e notoriedade, lançando o país numa anarquia permanente e insuportável.
O silêncio do Governo, do Presidente e das instituições de inteligência e defesa, causa pânico a quem desafia perenemente o Estado de Direito, os descontentes e discordantes são perseguidos, lançam-se atoardas processuais, vulnerabilizam o Estado, e tentam reinar nos escombros, sem rumo, sem direcção, tentando emergir do pântano o monstro que desenham no quotidiano.
De onde vem tanto dinheiro para tanto carnaval? A quem interessa esta instabilidade que tem como música de fundo, racismo, tribalismo e cedências a malfeitores e exploradores travestidos de religiosos e nacionalistas? Quanto a UNITA e ACJ já receberam dos “marimbondos”? Quem explora os diamantes no Bié e Cuando Cubango, onde estão estacionados Unimogs do Galo Negro?
ACJ e os seus sequazes lançam desafios a João Lourenço, querem legitimidade já que internacionalmente somam negas amontoadas, o sonho provoca o delírio e a ilusão, e os suspiros nervosos arrastam aglomerados para o abismo.
As grilhetas estão erguidas, as sentinelas estão em acção, a mobilização não olha a meios, o passado nada ensinou, e por muito menos, noutras latitudes e longitudes, já se fez muito mais.
Senti durante o almoço, no convidado de honra, sinais de preocupação de uma África expectante, com o resto mundo desligado com a preocupação Pandémica, como consequência tivemos o triunfo dos fundamentalistas islâmicos no Afeganistão, esperemos que o aventureirismo em Angola não coloque, uma vez mais, os angolanos na rota da desgraça.