O projecto para a construção do metro de superfície em Luanda tem sido alvo de algumas críticas, controvérsia, mas também de rasgados elogios, agora que foi anunciado o arranque das obras para o primeiro semestre de 2022, em parceria com a empresa alemã Siemens.
Numa primeira fase, o metro terá a linha amarela que vai sair do Kilamba, passando pelo traçado BRT, Estádio 11 de Novembro, Sapu, Estalagem, Grafanil, Estrada de Catete, Unidade Operativa até à Tourada. Deste ponto vai prosseguir até à zona do Aeroporto, descendo para o Prenda até ao Zamba 2. Daí segue para a Nova Marginal até chegar ao Porto de Luanda.
Haverá também uma linha vermelha que consistirá numa rota de aproximadamente 60 quilómetros fazendo a ligação entre Cacuaco e Benfica e uma linha verde a ligar o Cacuaco ao Porto de Luanda. Por último teremos a linha azul que vai conectar com a linha amarela, ligando o Zamba 2, passando pela Nova Marginal e terminando em Benfica.
No total, este projecto prevê a construção de 149 quilómetros num custo orçado em 3,5 mil milhões de dólares, com os objectivos máximos da requailificação urbana, a melhoria das condições de vida e a macrodrenagem da cidade.
Podem-se colocar várias interrogações sobre este projecto, e até é natural que surja alguma desconfiança, pois o país é associado regularmente a desvios clamorosos do erário público. Contudo, é fundamental a definição de estratégias que primem pelo rigor, competência e fiscalização de uma urbe onde seja assegurada a condição de vida das populações, com principal ênfase nas várias infraestruturas sanitárias e sociais que garantam satisfazer as necessidades primárias da dignidade humana.
Incorporado nesta premissa, é imperioso a implementação do metro de superfície. Comparativamente aos outros meios de transporte existentes, acarreta mais segurança, horários mais rigorosos, é mais económico, possibilita uma redução substancial de CO2, e é muito mais fácil ao nível da manutenção e gestão, pois não implica um sem número de autocarros, condutores, cobradores, engarrafamentos, poluição sonora e atrasos.
Um outro aspecto positivo é o parceiro tecnológico escolhido, a Siemens, empresa alemã (responsável por 70 % do investimento, os restantes 30 % é nacional) que dispõe de uma grande capacidade tecnológica para atender as necessidades dos cidadãos. Segundo o director-geral da Siemens Mobility Angola, Leopoldino Sobral, “o país vai receber 35 veículos de superfície eléctricos rebaixantes de cabina dupla (que permite até aos cadeirantes subir à vontade) com capacidade para carregar entre 350 e 400 pessoas, pode ir tanto para um sentido como para outro, sem necessidade de manobra”.
Sem embargo a empresa alemã assumir-se como o investidor maioritário deste empreendimento, caberá ao Estado definir as linhas mestras e orientadoras do projecto e também determinar o corredor para o traçado da via, o plano de expro-
priações, os requisitos técnicos e operacionais do sistema, definir os detalhes dos projectos de engenharia, os tarifários, bem como o estudo do impacto ambiental.