O progressivo e notório apagamento do foguetório no folclore hilariante do “picareta falante” ACJ, advém de falta de resposta aos êxitos recentes da governação, mas, também, e sobretudo, pela acção da UNITA jurássica herdeira da visão ruralista da Jamba.
Existe e sempre existiu incompatibilidade e ódio de estimação entre ACJ e o grupo liderado por Lukamba Gato, nas vertentes que os separam envolvem-se interesses familiares, de negócios, e de afinidades apolíticas, confrontos de dinâmicas geracionais. Há coincidências de interesses que os unem, mas é gigantesco o que os separa, e ACJ tenta agarrar-se à rua porque sabe que não tem o Partido. Ambos tiveram actuações nada divergentes dos “marimbondos”, Lukamba Gato apoderou-se do Partido logo a seguir à morte de Jonas Savimbi, nomeou generais todos os seus irmãos (mesmo os que nunca tinha sido militares), tratou dos interesses de toda família em lugares de Estado, e ACJ foi nomeado brigadeiro para efeitos de reforma sem nunca ter lutado como militar. São estas incongruências que ligam idiossincrasias aos delapidadores do Estado e que os levaram ao deslumbramento urbano que o fixou em Luanda.
ACJ tinha alguma base local em Benguela, mas o Poder de facto mandou para lá um quadro capaz de inverter a situação, Sapinala é homem de confiança dos dinossauros e filho de Chiwale, e no Huambo está a filha de Manuvakola, Liberty e Ekuikui são os aspirantes à sucessão, e Mihaela Weba é aliada de ocasião.
Em Lisboa os operadores continuam a digitalizar para ACJ, no Porto ao seu grupo de amigos o líder do Galo Negro esfriou o entusiamo, elementos próximos de José Eduardo dos Santos dão conta que, não obstante o financiamento à UNITA de ACJ, a preferência de Zédu vai para Abel Chivukuvuku que tem indiscutivelmente mais influência nos “kwatchas” que ACJ, mas cria um nervosismo o facto de este não se assumir de facto.
Nesta embrulhada que vai crescendo emerge um perigo iminente, ACJ ao sentir-se apertado vai apelar à rua a tomada do Poder, aliás, há sinais evidentes da porta aberta para essa possibilidade, a sua ligação pública ao governo da Guiné Bissau e a comprovada instalação de Bases do Daesh na RDC, são motivos de grande preocupação.
A recente manifestação de Lukamba Gato contra a ideia do Metro de Luanda, além de ser um apelo de demagogia ao mundo rural, é uma visão simultânea de visão arcaica e limitada de desenvolvimento, mas uma manifestação pública de poder dentro do Partido. Quando um operário sai de casa às 5 da manhã e regressa às onze da noite podendo sair às 8 horas de voltar às 18 horas, o primeiro factor é produtividade, segundo laser e conforto, e por último a família, coisa pouca para quem tem escravos no quintal.