O presidente da República João Lourenço desdobrou-se em contactos frutíferos desde que chegou à capital francesa. No âmbito da Cimeira sobre o financiamento das economias africanas promovida pelo seu homólogo francês Emmanuel Macron, João Lourenço multiplicou-se numa série de reuniões e encontros que se auguram prolíficos resultados para Angola.
Começando com o seu homólogo sul-africano, o Presidente Cyril Ramaphosa, os dois chefes de estado “colocaram em dia” a situação política, de paz e segurança na região austral e central do Continente africano. Nos últimos anos os dois países têm desenvolvido vários acordos, dos quais se destacam a assinatura de acordos comerciais que incluem a cooperação no sector petrolífero e a supressão de vistos nos passaportes ordinários.
Com o anfitrião da Cimeira, o Presidente Macron, foram discutidos vários assuntos económicos, questões bilaterais e regionais. Muito provavelmente foi também abordada uma visita futura do presidente francês a Angola.
Igualmente importante foram as reuniões mantidas com o tecido empresarial francês, designadamente com o Presidente da Sociedade Francesa Suez, Bertrand Camus, e com Jean Marc Nasr, Vice-Presidente Executivo de Sistemas Espaciais da Airbus.
Camus salientou o envolvimento da sua empresa no projecto Bita (avaliado em 300 milhões de dólares), que vai reforçar o abastecimento de água à cidade de Luanda.
Por seu lado, Nasr, admitiu investir no sector das finanças em Angola, bem como desenvolver a cooperação entre os dois países, nomeadamente no novo satélite de comunicações AngoSat-2.
Realce também para o encontro com o Presidente do Banco Francês Rothschild, Thibaut Foucarde, o qual assinalou o interesse do seu Banco em abrir um escritório em Luanda.
No encontro bilateral com o Primeiro-ministro português António Costa, o Presidente angolano preferiu não tecer comentários, mas nas palavras de Costa, o encontro foi profícuo, pois “além das linhas de crédito disponibilizadas no Soyo, foram agora aprovadas pelo Ministério das Finanças duas outras, uma para a circular do Lubango e outra para a infraestrutura Muxima”. É de frisar que actualmente a presidência da União Europeia cabe a Portugal, e foi nesse âmbito que António Costa anunciou que África vai vai passar a produzir, em larga escala, nos próximos tempos, vacinas contra a Covid-19, para fazer face à pandemia a nível global. Além disso, antecipou a aprovação de um programa denominado “Europa Global”, que prevê 80 mil milhões de euros de financiamento à cooperação e desenvolvimento, sendo que pelo menos 30 mil milhões serão canalizados para a África Subsariana.
Por último, sublinhe-se a reunião privada que o Presidente angolano teve com o antigo Primeiro-ministro britânico, Tony Blair. Blair tem sobressaído nos últimos anos, através do Institute for Global Change, do qual é Presidente. Esta tem cultivado uma especial relação de cooperação com alguns países africanos. Um desses países é Angola, e nesta audiência Lourenço e Blair deram continuidade às linhas de apoio que esta organização tem desenvolvido em África, de forma a ajustar as possibilidades de apoio e as prioridades dos governos.
Este instituto tem incrementado uma panóplia de programas de cooperação, principalmente com países cujos governos apostam em mudanças e reformas, como é o caso de Angola. Tony Blair tem sido um adepto incondicional do executivo angolano, daí ele ter manifestado o interesse em cooperar via instituto, em matérias de globalização relacionados com desenvolvimento económico e social.
Em suma, tivemos quatro dias muito intensos e de importância primordial para Angola. O Presidente João Lourenço foi o principal personagem desta maratona diplomática, tendo-se desdobrado em vários palcos, naturalmente com a devida colaboração dos seus assessores e ministros, como foi o caso da sua Ministra das Finanças, Vera Daves.