O petróleo tem sido o sustentáculo da economia angolana, contudo tem surgido um conjunto de circunstâncias de carácter externo e de cariz doméstico, que obriga a repensar o caminho a ser desenvolvido em matérias energéticas.
Relativamente à fonte petróleo, é quase certo ou inevitável a diminuição da sua procura a nível mundial. Embora o país ainda não tenha um plano para a transição energética, já deixou algumas pistas sobre o rumo que vai tomar, identificando o hidrogénio como o grande catalisador, apostando na sua produção e exportação, e assim usufruir dos elevados recursos hídricos e gás natural que possui.
De acordo com fontes relacionadas com o Ministério da Energia e Águas, esta situação será inevitável, tendo em conta que Angola tem potencial para produzir níveis de hidrogénio em quantidade suficiente para cobrir parte das receitas que se irão perder na exportação petrolífera, especialmente a partir de 2030, quando as grandes construtoras de indústria automóvel deixarem de fabricar viaturas movidas a gasóleo ou gasolina.
Deste modo, e perante esta conjuntura, tanto o Ministério da Energia e Águas como o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás estão a juntar sinergias nos mais variados domínios para criar condições e garantir que o hidrogénio será no futuro um dos principais produtos de exportação angolana. Isso contudo, não significa, pura e simplesmente substituir uma fonte de energia por outra.
É verdade que o hidrogénio actualmente, numa esfera global, é considerado o principal substituto natural do petróleo a nível de transportes. Angola tem vindo a afirmar-se na construção de barragens e estas são fundamentais para a produção de hidrogénio.
Segundo fonte ligada ao Ministério da Energia e Águas, ao país só lhe atenta produzir hidrogénio verde a partir da água (obtido a partir de fontes renováveis, em um processo que não haja a emissão do carbono) ou hidrogénio azul a partir do gás natural (opção mais barata, mas não totalmente livre de gases poluentes, já que o processo emite dióxido de carbono). Quanto ao hidrogénio verde, a queda do seu preço vai depender fundamentalmente de três factores: inovação tecnológica, experiência de learning-by-doing, e economias de escala.
Não obstante ainda nos depararmos com algumas interrogações quanto ao custo benefício da produção de hidrogénio, já se vislumbram projectos no horizonte. Recentemente, o Presidente do Conselho de administração da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, anunciou que a empresa vai instalar na província angolana do Cuanza Sul, um centro de pesquisa visando a produção de hidrogénio, cujas investigações preliminares estão a ser desenvolvidas em cooperação com a Alemanha.
Dito isto, embora haja um coro de vozes a nível mundial que auguram um futuro muito promissor e mesmo dominador para o hidrogénio, deveremos ser prudentes quanto a esta matéria. Até à data, uma grande maioria dos investigadores salientam que a produção de hidrogénio é ineficiente, dispendiosa e incerta, razão pela qual, ainda não pode substituir amplamente os combustíveis fósseis. Ainda há muitos custos e riscos associados.