Herança e traição

ByTribuna

18 de Janeiro, 2021

As facas longas e pontiagudas da inquisição que tantas vidas ceifou na Jamba, são ainda a reacção primária dos herdeiros e traidores de Jonas Savimbi quando alguém se desvincula do pensamento único.

Passei um fim de semana em pleno bombardeio de ameaças por ter vaticinado o fim de Adalberto Costa Júnior na liderança da UNITA, os alicerces da sua fachada estremeceram e, como sempre, soaram as trombetas do medo, esse mesmo medo que se espalhou por onde a UNITA dominou, esse mesmo medo onde se alicerça o Galo Negro no seu esplendor.

A dignidade em política não permite tudo, a ética é exigente e não vacila com aromas de conveniência, só um Grupo, subdividido em grupos e grupelhos, pode nesta altura aceitar com normalidade a insinuação de que recebe fundos dos “marimbondos” Santistas, os ínvios caminhos desse desiderato envergonham uns e outros.

Ou talvez não, afinal “marimbondos” sempre houve dos dois lados, à dimensão de cada ninho. Na ânsia frenética do Poder vale tudo, na UNITA nunca houve contas, Jonas Savimbi nunca as prestou a ninguém, e depois dele, incluindo a sua herança, nunca ninguém reivindicou, o medo estabeleceu sempre o silêncio.

O Galo Negro é um somatório de incongruências, não há estratégia, nunca houve, a propaganda sempre dominou o discurso, viveu sempre à custa dos equilíbrios da Guerra Fria, e é hoje um amontoado de destroços na cena internacional. Não fora os diamantes e o ouro que ainda vai negociando, e estaria reduzida a um clube de cumplicidades familiares.

Enquanto jornalista não vou desviar o meu rumo perante avisos e ameaças, pelo contrário, dão-me força e razão para ir em frente, a razão da minha força estará sempre geminada à força da minha razão, busco-a incessantemente, se não querem que o faça, não deixem que aconteça.

Kuma