Seguindo uma tendência já bem evidente no mês passado, o barril de brent atinge finalmente cotação acima dos 55 dólares, valor esse que já não era atingido desde finais de Fevereiro do ano passado, o mês anterior ao início da pandemia.
Como sabemos, o barril de Brent é o barómetro principal da nossa economia, uma vez que determina o ganho e perda das exportações angolanas. Não nos esqueçamos que o crude é responsável por mais de 94 % das exportações e representa mais de 50 % do PIB e 60 % das receitas do executivo, de forma a poder gerir as necessidades governativas.
Esta subida ocorrida nas últimas semanas, deveu-se fundamentalmente a um conjunto de factores, dos quais se destacam as promessas de aprovação, pelos reguladores europeus e americanos do medicamento, de um conjunto de vacinas, eficazes no combate à covid-19, estimulando assim, uma onda de optimismo, já não vislumbrada há mais de um ano.
Além disso, já neste mês de janeiro, tivemos a reunião mensal da OPEP+ que decidiu adiar por mais dois meses o aumento da produção em 500 mil barris por dia (bpd), como estava inicialmente estabelecido, ao mesmo tempo, que a Arábia Saudita anunciava que iria aumentar por sua iniciativa a produção de 1 milhão de bpd, compensando assim o adiamento dos 500 mil.
Este cenário mais animador encara, todavia, algumas nuvens no ar. Em primeiro lugar, o optimismo inicial relativamente às vacinas, tem-se vindo a esvanecer, uma vez que as campanhas de vacinação estão a decorrer mais lentamente do que o esperado.
Depois, porque a China, o país maior importador de petróleo, ao que tudo indica, enfrenta uma nova onda de novos casos de coronavírus. Caso o pior cenário se confirme, naturalmente que novos confinamentos se verificarão, contribuindo desta forma para um menor consumo e contração económica, cenário este já verificado no continente europeu e norte americano.
No caso do Estados Unidos, teremos também de ter em linha de conta a nova administração Biden. Reconhecidamente mais “amiga” do ambiente que a administração Trump, irá retomar os acordos de Paris, e isso, embora sejam notícias esperançosas para a redução da emissão de gases com efeito de estufa, poderá significar maior desconfiança para os maiores produtores de petróleo.
Por outro lado, temos verificado uma diminuição do valor do dólar face ao euro e iene, o que pode ser positivo para a subida do valor do barril, dado que é, praticamente sem excepção negociado em dólares.
Para Angola, encontramos actualmente um cenário francamente mais positivo que há uns largos meses. Apesar de estarmos muito longe do passado que fez o país tornar-se a durante algum tempo o maior produtor africano, podemos verificar que o preço do barril está com uma margem superior a 20 usd em relação aos 33 usd, que foi o valor usado como referência para a elaboração do OGE 2021.
Isto, naturalmente representa uma mais valia para o governo de João Lourenço. Contudo, Angola não pode estar constantemente refém única e exclusivamente das oscilações de preço do valor do barril brent. A economia deve ser diversificada por vários sectores, que vai desde a agricultura, passando pelas energias renováveis e a industrialização eficiente do país.