João Lourenço e Mbanza Hamza: juventude e abertura política

ByTribuna

27 de Novembro, 2020

Duas imagens de Mbanza Hamza corporizam a evolução do sistema político angolano de José Eduardo dos Santos para João Lourenço.

Imagem n. º1: Mbanza Hamza no tribunal e na prisão para onde o mandou José Eduardo dos Santos

Um Presidente manda prender o activista, o outro Presidente ouve o activista e discute com ele.

Imagem n.º 2: João Lourenço entrega o microfone a Mbamza Hanza para que este o conteste em encontro público e transmitido ao vivo

Esta é a mudança a que Angola assiste. Não é uma mudança fácil, nem linear, mas está a acontecer e nada mais forte que esta comparação quase laboratorial do tratamento destinado a um activista.

Podemos ser críticos, como somos, da forma em como a Polícia de Luanda lidou com as manifestações dos jovens dos últimos tempos: foi violenta e brutalizadora. Mas temos de reconhecer a coragem do Presidente da República em “dar a cara” e ir dialogar com os jovens.

Uns acham que a postura do Presidente não tem relevo e que não se deve dialogar. Muitos dos supostos jovens activistas, alguns dos quais já não são assim tão jovens e vivem exilados no Ocidente sustentados por Fundações e outras agremiações, escarnecem do diálogo e apelam à revolta.

Estão a perder uma oportunidade histórica de transição pacífica. Há países felizes porque souberam fazer transições pacíficas depois de violentas guerras civis. Lembremo-nos de Inglaterra a partir do século dezoito ou de Espanha em 1975/1976.

Outros acham que a postura do Presidente é de fraqueza e aumentam o nível de gritaria.

Não, a postura do Presidente é de coragem e determinação em levar adiante o seu programa de transição pacífica política e económica. Mesmo discordando de algumas das suas políticas, devemo-nos inclinar pela sua envergadura em levar este processo avante.

Comparemos de facto, em termos de abertura e diálogo, o tempo de José Eduardo dos Santos e João Lourenço e não tenhamos saudades do passado. O mais importante de tudo, neste momento, é não voltar ao passado, é necessário não deixar as forças do obscurantismo retornar e manipular a opinião pública.

A luta contra a corrupção tem de continuar, a reforma económica não pode parar, para isso é necessária uma transição em diálogo, mas com autoridade.