Angola – A nova face da viragem

ByTribuna

25 de Novembro, 2020

Saudemos um tempo verdadeiramente novo em Angola, para gáudio de quem ama aquela terra africana e acredita nas suas potencialidades.  A jovem Ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, assinalou ontem ao mundo a privatização da Sonangol e da Endiama, coisa grande que marca um rombo no capitalismo de Estado marxista, e abre portas ao mercado concorrencial de que o país tanto precisa.

João Lourenço tem assim nos meios financeiros internacionais uma nova auréola que o balança definitivamente para o segundo mandato. É um grande incentivo ao investimento estrangeiro de que Angola tanto precisa, e certos meios de investimento ansiavam. Não há paralelo em 45 de anos de Independência e de governo do MPLA.

Enquanto isto parece estar a ser ignorado pela Oposição, sobretudo a UNITA, cada vez mais ostracizada no cenário internacional, o MPLA vai respirando um tempo novo após uma transição conturbada pelas dificuldades próprias de um regime perdido numa imensidão de contradições e vícios que esbanjou miséria, e armadilhou a sociedade, confinando-a no medo e à descrença.

A UNITA, sem quadros e sem política e nem identidade, arrasta-se pelas capitais das províncias tentando esconder a sua inércia e vacuidade em preceitos constitucionais, e optou claramente pela pior forma de aparecer como alternativa. À moda do seu novo presidente, veio para a rua dando apoio político e logístico a organizações civis de legalidade duvidosa, ao arrepio do normal funcionamento do Estado de Direito.

O direito de manifestação e de indignação advém de uma legitimidade democrática que pressupõe regras de cumprimento escrupuloso, sem elas, a meta será uma anarquia que só à força pode ser travada.

A Europa está cada vez mais fechada à UNITA e a regra de Estado impõe-se sobre relações de cariz partidário. O Galo Negro não tem hoje personalidades de relevo pelos seus feitos que granjeiem curiosidade e simpatia. A Nova Ordem Mundial e a geopolítica exigem pragmatismo, e mesmo aqueles que na UNITA desfrutam de prestígio localizado, estão afastados e virados para as suas carreiras académicas e negócios internacionais, como são os casos de Alcides Sakala com Portugal, e Jardo Muecalia nos EUA.

Nas delegações da UNITA nas capitais europeias, fala-se já num próximo Congresso Electivo. Invariavelmente Adalberto da Costa Júnior é uma verdadeira desilusão, não obstante estar o general Numa a tratar agora de integrar muitos deles como pensionistas de ex-combatentes, onde já estão falsos generais e familiares, esposas, afilhados e compadres, muitos deles nunca pegaram numa arma, e quando milhares de ex-combatentes verdadeiros estão acantonados à espera de uma decisão.

Com a UNITA fragmentada, sem gente capaz, nem em qualidade nem em quantidade, o mundo saúda estas novas do MPLA que auguram uma forma nova de governação. Oxalá seja desta, já lá vão 45 anos de espera.

Kuma Gomes