Já vai tardia a decisão que o ministro chefe de gabinete de João Lourenço, Edeltrudes da Costa, devia tomar de apresentar a sua demissão ao Presidente.
Se Edeltrudes é mesmo leal ao Presidente da República e acredita nas suas reformas para melhorar Angola, devia já ter percebido que é um obstáculo para a concretização dessas reformas e demitir-se, poupando o Presidente a mais embaraços.
Infelizmente a história de Edeltrudes é antiga. Em 2016, o MakaAngola denunciava nestes termos os abusos do actual director de gabinete de João Lourenço:” Helena Teka foi violada por militares, ameaçada de morte e recentemente informada de que será processada criminalmente por “burla”. O caso envolve o nome do ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente, Edeltrudes Costa, o comandante da Região Militar de Luanda, general Simão Carlitos “Wala”, o conselheiro do comandante da Marinha de Guerra de Angola, vice-almirante Pedro Chicaia, e outras altas patentes militares interessadas no terreno.” (https://www.makaangola.org/2016/08/governantes-demolicoes-de-vidas-nenhum-remorso-part-i/)
A reportagem do MakaAngola apresentava um conjunto de actividades de Edeltrudes ligado a militares e a outros grandes do regime de então em prejuízo de pobres camponeses.
Portanto, a história da TVI, que aliás é bem confusa, misturando factos actuais e antigos, não acrescenta nada de novo sobre Edeltrudes.
A única coisa importante é que parece, e isso deveria ser averiguado pela Procuradoria Geral da República, que Edelturdes continua a utilizar-se do seu cargo para fazer negócios consigo mesmo, nos dias de hoje.
Perante todo este frenesim mediático e político, a PGR deveria abrir um inquérito para investigar Edeltrudes, sobretudo, naquilo que se refere a actos praticados enquanto ministro de João Lourenço. Simultaneamente, o próprio Edeltrudes apresentava a sua demissão ao Presidente da República e tudo ficaria resolvido. Se posteriormente fosse inocentado, poderia e deveria João Lourenço reconvidá-lo a ocupar uma função governativa, caso contrário responderia em tribunal.
O silêncio e a permanência de Edeltrudes no governo é que são insustentáveis.
Há uns anos em Portugal, o ministro do Interior de Passos Coelho, Miguel Macedo foi investigado e depois acusado pela PGR lusitana. De imediato se demitiu e preparou a sua defesa.
Na verdade, estava inocente e foi absolvido pelo tribunal e a acusação que a PGR lhe fez foi injusta, mas a sua postura política foi de grande dignidade e sentido de Estado.
Ora é essa dignidade e sentido de Estado que está a faltar a Edeltrudes ao acolher-se debaixo das saias do Presidente.
É tempo da PGR abrir uma investigação e de Edeltrudes sair do governo.