Gangsta 77 é palhaço (e aldrabão)

ByAnselmo Agostinho

25 de Setembro, 2025

A deslocação de Gangsta 77 aos Estados Unidos, anunciada com estrondo como um gesto de resistência e denúncia contra o Presidente da República de Angola, revelou-se, afinal, um exercício de vaidade política sem substância, marcado por improviso, irrelevância e ausência total de impacto real.

O que se prometia como um “manifesto internacional” não passou de uma encenação solitária, sem mobilização, sem eco institucional, sem qualquer articulação com redes da diáspora, organizações de direitos humanos ou plataformas de advocacy.

Na prática, o que se viu foi um desfile de publicações caricatas nas redes sociais — mêmes infantis, vídeos improvisados, slogans ocasionalmente agressivos — que, longe de constituírem uma crítica estruturada, apenas reforçaram a imagem de um activismo despolitizado, centrado no ego e na provocação gratuita.

Enquanto Gangsta 77 se perdia em encenações digitais, o Presidente angolano cumpria uma agenda diplomática de alto nível, intervindo em nome de África em fóruns multilaterais, reunindo-se com líderes internacionais e consolidando a imagem de Angola como actor relevante no xadrez global.

A visita incluiu encontros com chefes de Estado, participação em cimeiras estratégicas e até uma audiência com Volodymyr Zelensky, num gesto que posiciona Angola como interlocutor atento às crises internacionais. A discrepância entre a seriedade institucional da visita presidencial e o ruído inconsequente das acções de Gangsta 77 não poderia ser mais gritante.

Este episódio expõe, com clareza, os limites de um certo tipo de activismo que se alimenta de likes, indignação performativa e protagonismo digital, mas que falha em construir pontes, propor alternativas ou sequer formular críticas com densidade política.

Gangsta 77, ao invés de aproveitar a ocasião para articular uma denúncia fundamentada, com apoio da sociedade civil e da imprensa internacional, optou por um espectáculo vazio, que não incomodou o poder, não mobilizou consciências, nem sequer gerou debate. O resultado foi um fiasco: nem protesto, nem proposta, nem presença. Apenas ruído — e um reforço involuntário da legitimidade institucional que pretendia contestar.