Os Palhaços fazem rir e chorar mas são sérios

ByKuma

8 de Setembro, 2025

Quanto tempo teremos de regredir para que a UNITA se sinta confortável? 
A cultura é fundamental para a identidade dos povos, não é estática, os Reinos foram uma etapa do desenvolvimento, mas usar a ancestralidade hipocritamente e arrastá-la para momentos carnavalescos, deveria envergonhar os usurpadores que tudo desvalorizam à sua volta para atingir os seus fins. É mesmo grave, muito grave, usá-la como arma de arremesso. 

Os Reinos formaram-se quando Povo desceu da Nigéria, rasgou a floresta, atravessou grandes rios, e começaram a combater entre si, instalaram-se no ano 1.000 da nossa Era. Angola era um espaço vazio onde a Sul estavam o único Povo autóctone, os Muximades/Camussekeles, viviam no deserto e estendiam-se até à África do Sul, etnia à qual pertencia Nelson Mandela. Chegou a ser a maior comunidade no mundo de uma só etnia, começaram a ser dizimados por guerras de ocupação e o Bantus, por volta de 1.300 já produziam ferro no Reino da Zâmbia. 

Os Reinos foram estabelecidos com guerras violentas, os mais fortes foram empurrando os fracos para o litoral Sul, Angola tal qual é hoje foi desenhada em 1895 na Conferência de Berlim (Mapa Cor de Rosa). 

Escutar ou ler as mensagens, de Lukamba “Miau” Gato vestido de rei do Mbalundo (Bailundo), ou do bacharel tirano psicopata intrujão ACJ “Betinho” trajado de autoridade tradicional burguês no Mussende (Cuanza Sul), é constatar até onde vai a ginástica política destes demagogos, que têm os seus conterrâneos escravizados nos quintais em Luanda.

Institucionalizaram-se as fronteiras coloniais, criaram-se interdependências e uma cultura diversa mas que generalizou com o tempo, há hoje assunção da nossa riqueza da diversidade cultural, só a UNITA usa revivalismos oportunos, vulgarizando uma cidadania que conquistou a sua Independência para se impôr livre e democraticamente.

Sabe-se que sempre houve na UNITA uma convicção obscura de separatismo, hoje o Galo Negro tem um compromisso com os independentistas de Cabinda, portanto, esta exaltação de uma superioridade da identidade dos Umbundos não é inocente, ela carrega um simbolismo conquistado em 500 anos de anos de colonialismo, por terem sido os mais obedientes e escolhidos para parceiros do colono contra todas as outras etnias, os quadros proeminentes da UNITA, são todos oriundos da vivência colonial, eram os que estavam completamente alienados ao Poder de Lisboa.

O MPLA cometeu o grande erro de 1975, repetiu-o em 1992, e insistiu em 2002, Agostinho Neto não precisava de Partido para liderar Angola, mas persistindo o MPLA legitimou a FNLA e a UNITA, e as consequências estão à vista, o rastilho de 50 anos atingiu em cheio João Lourenço que, se não colocar um freio no seu MPLA e exigir mudanças radicais na UNITA, persistiremos em divergências conflituosas insanáveis, e o desenvolvimento continuará a ter de contornar obstáculos de monta.

O realismo obriga-nos a todos a refletir, e com a legitimidade do Senhor Presidente da República para assegurar uma transição, encontrar consensos para que tenhamos uma Angola fraterna, transparente, livre, rica na sua diversidade, cumprir o nosso destino de grandeza, de bem estar, e isto caros compatriotas, só é possível com a implantação de uma Nova República.