Recados para quem vomita Constituição

ByKuma

21 de Agosto, 2025

As redes sociais digitais que hoje servem, amanhã serão usadas contra, olho por olho, dente por dente, até ao beco sem saída da ingovernabilidade.

Se juntarmos as arruaças, mesmo camufladas, exige-se uma tomada multifacetada de poder do Estado que garanta a manutenção da ordem democrática e segurança dos cidadãos.
A abordagem para conter uma arruaça com o objetivo de subverter o poder constituído pode ser dividida em três pilares principais: a base legal para a ação estatal, as respostas imediatas (táticas e estratégicas) durante a crise e as medidas de longo prazo para prevenção.

Qualquer democracia, mesmo as mais consolidadas, contêm no Código Penal um título específico para os “Crimes contra o Estado Democrático de Direito”.

Tipificar o crime de “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos direitos constitucionais”, com pena de reclusão além da pena correspondente à violência.

Essa legislação fornece o arcabouço legal para que o Estado possa agir de forma enérgica na responsabilização criminal dos envolvidos em atos que visem a ruptura institucional.

Diante de uma subversão clandestina ou arruaça em curso, a resposta do Estado desdobra-se em frentes táticas e estratégicas.

Taticamente o foco é a contenção da desordem e a restauração da ordem pública. Isso envolve o emprego de forças de segurança especializadas em Controle de Distúrbios Civis. A doutrina nessa área preza pelo uso progressivo da força, utilizando equipamentos de menor potencial ofensivo, como gás lacrimogêneo e balas de borracha, para dispersar a multidão e efetuar prisões em flagrante quando necessário. O objetivo principal é proteger a vida, o patrimônio público e privado, e garantir a integridade das instituições.

Recentes acontecimentos no País,  evidenciaram a importância de um planejamento prévio e de uma mobilização de efetivo policial condizente com a dimensão da ameaça. Falhas na segurança e na contenção inicial podem permitir a  depredação das bens e outros efeitos colaterais, reforçando a necessidade de uma resposta rápida e coordenada das forças de segurança.

Há necessidade de manter a população informada sobre a situação, as medidas que estão a ser tomadas e as consequências dos atos de violência, para contrapor a desinformação e angariar apoio da sociedade.

O combate a arruaças e outras ilegalidades de monta pela conquista do poder, não se resume à repressão. A prevenção e a análise de eventos passados são fundamentais para fortalecer a democracia.

Exemplos internacionais oferecem lições valiosas. A invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021 demonstrou como a retórica inflamada de líderes políticos pode incitar a violência e a contestação dos resultados eleitorais. As investigações subsequentes e a responsabilização dos envolvidos, incluindo figuras políticas, são essenciais para reafirmar a força das instituições.
Portanto, as medidas de longo prazo para combater a ameaça de arruaças pelo poder incluem:

Combate firme contra a subversão veiculada através das redes sociais, alertar os cidadãos e formar e informar o uso e as consequências destes novos instrumentos.

Em suma, o combate a uma arruaça pela conquista do poder é um desafio complexo que exige uma resposta firme e equilibrada do Estado. A combinação de um arcabouço legal robusto, que inclua forças de segurança bem treinadas e serviços de inteligência, numa estratégia que inclua comunicação, e sobretudo, a valorização e o fortalecimento das instituições democráticas, é o caminho para garantir a paz social e a continuidade do Estado de Direito.

Porém, quando esgotadas as vias do diálogo politicamente democrático e civilizado, quando o desrespeito pelas instituições e homens de Estado, nomeadamente o Senhor Presidente da República, erguem-se muros intransponíveis que marcam fronteiras sem interlocutores em busca de unidade na diversidade.

Recorro a um filósofo francês, Michel Montaigne (1533-1592), que na sua obra Essex II, escreveu:
“Quando brinco com a minha gata, não sei se sou eu que brinco com ela, se é ela que brinca comigo.”

Para salvar a Nação e da Grei, urge não banalizar o respeito, a ética e a moral, podem tentar abalar a estruturas da do Estado, podem imaginar que estão a ganhar força para agarrar o Poder, mas a democracia que por vezes parece adormecida, espicaçada acorda, e é nos seus fundamentos que se ergue a vontade e se abrem caminhos, para a inevitável Nova República.