Escândalo Russo em Angola: A Teia Oculta da África Politology

ByAnselmo Agostinho

8 de Agosto, 2025

A presença da África Politology em Angola revela um dos capítulos mais explosivos da guerra de influência russa no continente africano e em Angola. Ligada diretamente ao grupo Wagner e ao falecido oligarca Yevgeny Prigozhin, a organização tem sido responsável por campanhas de desinformação, manipulação da mídia local e infiltração em processos políticos angolanos, designadamente, no fomento da agitação do final do mês de Julho passado ligado à greve dos taxis.

Igualmente há que mencionar avultadas somas de dinheiro entregues a jornalistas, políticos e produtores de conteúdos digitais.

Agora, após investigação das autoridades angolanas, os cidadãos russos Lev Lakshtanov( que dirige a rede em Luanda) e Igor Rachtin foram oficialmente detidos, marcando uma medida firme contra a ingerência estrangeira.

Durante anos, operacionais russos circularam discretamente pelo território angolano. Lev Lakshtanov, Igor Ratchin, Olga Sminorva e Iurii Dmitriev entraram no país sob falsas declarações às autoridades, omitindo hospedagens reais, cargos militares e atividades suspeitas. A repetida estadia no bairro Gamek à Direita, em Luanda, tornou-se um ponto de atenção para o serviço de informações. Em pelo menos um caso, foi identificado o uso de documentação fraudulenta — um claro exemplo de falsidade ideológica.

Mais alarmante ainda são os indícios de envolvimento de figuras políticas nacionais, como Higino Carneiro e Dino Matross, associadas à rede de influência da organização. Segundo investigações internacionais, a África Politology não atua apenas com propaganda digital e notícias falsas: ela financia manifestações encenadas, corrompe jornalistas locais e molda a narrativa pública a favor dos interesses estratégicos russos.

Angola tornou-se um dos palcos prioritários dessa operação subterrânea. A Africa Politology atraiu a atenção do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, que sancionou a entidade sob a ordem executiva nº 13848 por interferência em processos democráticos. Também o Canadá e a União Europeia seguiram com medidas restritivas, condenando as ações da organização.

Mesmo após a morte de Prigozhin, a máquina russa não parou. A África Politology transferiu os seus operacionais para a agência African Initiative, que continua a operar com os mesmos métodos. O caso do jornalista centro-africano Ephrem Yalike-Ngonzo — coagido a escrever elogios aos mercenários russos — serve de alerta para o que pode estar a acontecer silenciosamente nas redações angolanas.

Este escândalo representa uma ameaça direta à soberania angolana e exigiu uma resposta firme das instituições do país. A pergunta que ecoa agora é: quem está realmente a tentar comandar a agitação angolana?