Domingo – O bálsamo dos sentimentos

ByKuma

3 de Agosto, 2025

Na reflexão em família, na partilha com amigos, em assembleias diversas, vivemos momentos em que escutamos o silêncio, embalamos-nos na consciência, e a alma que nos transcende, viva e invisível, tem o condão e a força de nos empurrar para a razão. Afinal quem não pecou? Quem nunca errou?

Enquanto formos donos de nós mesmo há sempre a escolha do caminho limpo, da generosidade, da tolerância, do respeito, capaz de encontrar caminhos na diferença, afinal somos herdeiros responsáveis por uma ponte chamada vida, que é necessário conservar com sabedoria para deixarmos como herança aos vindouros, esculpida de uma boa ou má memória.

Temos de diminuir diferenças, temos de deixar de procurar nelas o alimento da nossa ira, temos de abster-nos de encontrar nos êxitos dos outros e resultado dos nossos fracassos, a inveja é vírus peregrino que nos contagia e nos embala para a cegueira, e faz-nos resvalar repetidamente para o confronto e abismo.

O nosso País está a viver um momento de alguma irracionalidade, não pelos erros, mas pela persistência de um caminho errado, de desencontros fatais, em que as dificuldades sinalizadas, são exploradas por ambições que se traduzem em manifestações de ódio que se repete e acumula, e que deixa um rasto de injustiças que nos envergonham e dilapidam a dignidade da nossa cidadania.

Exercitemos a nossa racionalidade, a mim diz-me que tivemos uma greve convocada por moto-táxis, por maldade foram eles quem mais perdeu. Vejamos, o espaço e o momento foi aproveitado por mentes invisíveis “in-loco”, mas que empurraram jovens adolescentes de menoridade, e arruaceiros treinados que sob a capa da legalidade da greve, atingiram os seus fins, ou seja, confrontaram as autoridades de segurança, desafiaram a Ordem Pública, e sem vergonha nem pudor, quiseram explorar a aplicação dos agentes da autoridade democrática. Infelizmente, lamentavelmente, como é uma probabilidade nestes casos, houve efeitos colaterais fatais.

Não é novo, nem a origem é desconhecida, basta constatar quem incentivou e mobilizou antes, durante e depois, a invasão de uma luta de classes com identidade definida, para vislumbrarmos uma verdade, os intrusos não defendem nenhuma ideologia, nem apresentaram nenhuma solução para a reivindicações, o que pressupõe o único objectivo criar o caos para encontrar culpados, sempre com o alvo claro, atingir o Senhor Presidente da República.

Livre e democraticamente, João Lourenço, tem um mandato até 2027, até lá há metas a cumprir obrigatoriamente, o Congresso do MPLA e da UNITA, que parece estarem a ser desvalorizados, sobretudo por quem interpreta alternativa sufragada pelo Povo, com alternância, um disparate incompreensível em democracia.

Na política há caminhos diferentes, que devem convergir no mesmo ponto. Não é crime nem ilegal, que com respeito, ética e moral, sigam caminhos diferentes, desde que com transparência transmitam aos cidadãos o compromisso com o mesmo objectivo.

Mas os angolanos onde me incluo, interpelar-se-ão hoje: Face ao espectro político actual, a divergências extremas insanáveis, sem possibilidades de interlocução, perante estigmas incontornáveis de maldade e ódios indisfarçáveis, haverá espaço para encontrar vias com acalmia que proporcionem diálogo?

Creio que não, a história diz-nos que não seríamos pioneiros, face aos vícios e malfeitorias incrustadas no Estado, estamos perante um Sistema caduco e falido, e um Regime Repúblicano quase moribundo, que só com uma ruptura total e um Novo Estado despido dos resquícios que se pensam vitalícios da Luta de Libertação, pode enfrentar os desafios da modernidade e do progresso. Até lá, não há milagres, se há sofrimento, e há, ele tenderá a aumentar pela incapacidade do Estado valer relativamente a uma demografia imparável e desordenada.

Sejamos objetivos, unidos sem ideologias, pela humanidade, fraternidade e liberdade, apoiemos uma Nova República.