Angola entra numa fase de aparente serenidade, mas essa quietude não pode ser confundida com estabilidade estrutural. Trata-se, antes, de uma pausa entre as instigações criminosas que todos sabemos de onde vêm.
A acalmia pode parecer reconfortante à superfície,mas está por resolver o essencial.
Os desafios económicos persistem, apesar dos esforços de diversificação. A dependência excessiva do petróleo mantém o país vulnerável a oscilações externas, enquanto o desemprego e a desigualdade social corroem o tecido da confiança pública. O mérito continua a ser suprimido por redes de favoritismo e interesses instalados desde há muito — travando o crescimento e alienando as gerações mais capacitadas.
A instabilidade política foi mitigada, mas os recentes acontecimentos vieram demonstrar que as tensões continuam latentes.
Os seus instigadores são por demais conhecidos, mas não agiram sozinhos: contaram com uma adesão mal-informada, alimentada por frustração e desilusão, que reflete a falência das atuais estruturas de participação democrática. É essa adesão — espontânea, mas manipulada — que precisa de ser desmobilizada, não pela repressão, mas pela regeneração do modelo político e económico.
Neste sentido, impõe-se uma reconstrução constitucional profunda, realizada através de um referendo modernizador que devolva aos cidadãos o protagonismo do seu futuro.
Este não deve ser apenas um gesto simbólico, mas sim uma reforma concreta que incorpore o mérito como princípio orientador — desde a administração pública até à participação cívica.
Só com uma nova arquitetura institucional, onde o talento prevaleça sobre o compadrio, será possível inverter o ciclo de agitação.
Angola não precisa apenas de acalmar — precisa de renascer. A verdadeira encruzilhada não é entre estabilidade e caos, mas entre continuidade e coragem. A resposta a esta escolha definirá se a acalmia será o prelúdio de um novo capítulo, ou apenas o silêncio antes da próxima tempestade.
Nós estamos com a Nova República, que termine em definitivo com os instigadores do mal e confira à população uma participação cívica adequada.