Num tempo em que o descontentamento cívico e a desconfiança nas instituições se tornam cada vez mais evidentes, o apelo à proclamação de uma Nova República surge como um gesto de coragem e visão.
A proposta que se apresenta — dissolução do Parlamento, convocação de uma Assembleia Constituinte, criação de novos partidos e elaboração de uma nova Constituição — não representa um rompimento irresponsável com o passado, mas sim um passo firme em direcção a um futuro mais transparente, representativo e coeso.
O Presidente da República, ao assumir a liderança deste processo, demonstra não apenas autoridade constitucional, mas também sensibilidade histórica. A iniciativa presidencial de guiar o país por este período de transição é um sinal de responsabilidade e compromisso com os valores democráticos. Trata-se de uma refundação — um novo contrato social entre o Estado e os cidadãos.
A proposta de uma nova Constituição, debatida e aprovada por uma Assembleia Constituinte eleita democraticamente, é uma oportunidade rara de repensar o país. É o momento de incluir o que ficou de fora, de corrigir distorções, de reforçar direitos e deveres, e de adaptar o sistema político às exigências do século XXI. A limitação temporal clara — um ano para o debate constitucional, seguido de eleições gerais — garante que o processo seja célere, transparente e participativo.
A abertura para a criação de novos partidos com matriz ideológica clara é um convite à renovação do espectro político. Num sistema muitas vezes dominado por estruturas partidárias cristalizadas, esta proposta permite o surgimento de novas vozes, mais próximas da realidade dos cidadãos e mais comprometidas com soluções concretas. É uma lufada de ar fresco na democracia angolana.
A Nova República que se propõe é livre, democrática e fraterna — não se constrói com imposições, mas com diálogo, participação e visão de futuro.
Este é um momento raro na história de um país: a possibilidade de recomeçar, de redesenhar o seu destino com base na vontade popular. Que não se perca esta oportunidade. Que se rasguem os caminhos do futuro com coragem, lucidez e esperança.