Presentes e Ausentes

ByKuma

29 de Março, 2025

Confesso-me surpreendido, entendo que a benevolência não pode apagar a realidade cravada na história, desta vez o silêncio do Senhor Presidente da República surpreendeu-me, ao visionar a lista dos homenageados no cinquentenário da Independência Nacional.

Sei que há sempre nestas ocasiões o esquecimento dos heróis anónimos, também sei que deve presidir à feitura da lista um sentimento nacional, mas não podemos ser condescendentes com quem traiu repetidamente os nobres desígnios da Pátria.

Como pode o nosso País premiar dois símbolos da feitiçaria, imposta como código de justiça, que condenou tanta gente aos castigos inquisitoriais, em fogueiras rodeadas de festa, enquanto ardiam almas discordantes das mortes fratricidas? É isto que me faz vacilar ao ver na dita lista nomes como Samuel Chiwale e Ernesto Mulato. Um condenou a própria mãe à fogueira, e toda a trajetória político/militar, leva-me a crer que não hesitariam, qualquer deles em jogar o Senhor Presidente da República ao fogo da justiça feiticeira.

Sentir-me-ia incomodado durante muito tempo se aqui não deixasse a expressão da minha surpresa, eu sei que há feridas por sarar, temos uma reconciliação por concretizar, mas nestes 50 anos da nossa Independência há marcas que não podem ser apagadas, há feitos que não têm perdão.

Temos exemplos recentes, já no consulado de João Lourenço, é do núcleo onde encaixam os feiticeiros, que emerge uma deturpação que origina crítica feroz, porque nunca quiseram nem querem entender o gesto apaziguador da libertação dos restos mortais de Jonas Savimbi e outros altos dirigentes da UNITA, bem como as insinuações que lançaram quando da Fundação Jonas Savimbi, confundindo sempre com taticismos do Senhor Presidente da República.

Este desabafo é meu, é o meu humilde sentimento solto neste escrito, sei que na guerra mata-se e morre-se, mas dói uma dor dolorida quando temos na memória marcas de sangue inocente.