Falácias do Valor Económico

ByTribuna

13 de Setembro, 2024

O jornal do filho de José Eduardo dos Santos insiste numa narrativa falaciosa sobre a economia Angolana.

No último número apresenta um artigo sobre “os números que revelam a destruição do sonho do “milagre económico.” Na verdade, o artigo procede a uma séria de falácias, que o tornam sem credibilidade.

Há que repor a verdade.

Primeira falácia: Mede o PIB em dólares. Ora, toda a gente sabe que em 2017, o Kwanza não flutuava, tinha um valor fixo, que não correspondia à realidade económica. Por isso, a tradução de valores em Kwanza para dólares dá valores mais altos em 2017 (mas artificialmente, falsamente). Quer isto dizer que comparar o dólar de 2017 com o dólar de 2023 não é sério, uma vez que o regime cambial do Kwanza é diferente, e a moeda do país é o Kwanza. Além disso, é tendencioso colocar no final, para dar imagem de queda abrupta, apenas o segundo trimestre de 2024 (ano em que se está a prever uma boa subida do PIB).

Segunda falácia: Compara a taxa de câmbio de 2017 com 2024. Outra falácia. Como se referiu os regimes eram diferentes em 2017 existiam inúmeras taxas de câmbio informais (mercado ilegal) que abundavam e distorciam por completo a economia. Vivia tudo numa falsidade.

Terceira falácia: Considerar que o stock da dívida pública em termos absolutos é algo de mau. Não é assim. Tudo depende daquilo que representa. Se for dívida pública para ir para bolsos privados, é mau, se for dívida para investimento, produção e melhor prestação de serviços, é bom. Hoje há mais ou menos barragens? Mais ou menos aeroportos? Mais ou menos hospitais? E por aí adiante.

A verdade é que a economia mundial sofreu vários choques nos últimos anos, e a Angolana em especial. Angola chegou a 2017, falida e a arrastar-se. Depois apanhou com o Covid e com a guerra da Ucrânia, e mesmo assim, como escreveu, recentemente, o FMI:

“Angola permaneceu resiliente face aos desafios significativos em 2023, incluindo a produção de petróleo mais fraca e preços mais baixos. Os esforços das autoridades para levar a cabo as reformas económicas começaram durante o FEP 2018-21, incluindo nas áreas da gestão fiscal, mobilização de receitas, dívida
gestão, a política monetária e a estabilidade financeira ajudaram a aumentar a resiliência
da economia angolana”

Esta é a realidade, e não o que os saudosistas do passado nos legaram e inventam.

Só fico admirado pelo facto do MPLA não reagir, não contestar estes absurdos.