UNITA e Senegal. A precipitação do costume

ByAnselmo Agostinho

30 de Março, 2024

A UNITA não pensa, apenas tem reflexos como o cão de Pavlov. Vê um Presidente da República a ser afastado e saliva de contentamento.

Vamos ver o que traz esta eleição no Senegal. Não é nada claro que seja para melhor. Na verdade, pode-se tornar um pesadelo de demagogia e tirania. A última vez que a UNITA dançou com um afastamento de um Presidente da República foi com Alpha Condé em 2021 na Guiné-Conakry. O resultado da dança da UNITA foi uma ditadura que persiste até hoje e se vai aproximando da Rússia.

No Senegal o novo Presidente Bassirou Diomaye Faye, representa a mesma reacção populista ampla regional, ao desemprego crónico e à aparente intromissão da França, a antiga potência colonial, já manifestada no Mali, Niger, Guiné e Burkina Faso. Faye, que nunca ocupou um cargo electivo, declarou a sua vitória como um voto a favor da “ruptura” em detrimento da continuidade. De forma controversa, sugeriu abandonar o franco CFA, uma moeda regional apoiada pela França, e renegociar as licenças de petróleo e gás concedidas pelo seu antecessor a investidores estrangeiros. Tudo isto pode ser prelúdio duma aproximação às ditaduras pró-russas do Sahel e a um governo de espasmos populistas, acrescido pelas novas pressões islâmicas. Há aqui um caldo que pode deitar tudo a perder. Na realidade, não se sabe, é cedo, mas a UNITA deveria ter senso político e não falar à toa, como é hábito.