Ismael Mateus é membro do Conselho da República, próximo das cúpulas do partido do governo. Escreve o seguinte no Jornal de Angola:
“O alto custo de vida, a insuficiente produção nacional e a dependência das importações transformaram a situação social e económica do país num barril de pólvora.”
“Se o Governo não melhorar os mecanismos de controlo, havendo dinheiro fresco [da China], todos os ministros, secretários de Estado, PCA’s e administradores de empresas públicas e instituições bancárias vão criar “testas de ferro” de negócios para se habilitarem aos fundos chineses. Vai repetir-se o filme e o banquete a que assistimos num passado recente.”
“Apesar do discurso oficial de combate à corrupção, as artimanhas e esquemas que desviaram milhões do país continuam vivos. Os marimbondos passaram à clandestinidade, mas não deixaram de existir.”
“A intransigência e impaciência dos trabalhadores tem a ver com os sinais de esbanjamento que vem do Governo. Ao mesmo tempo que se alega falta de dinheiro para aumentar o salário mínimo, o Governo nunca deu sinais de contenção de gastos. As viagens superlotadas, as conferências com gastos exorbitantes e as mordomias continuam a ser feitas aos olhos dos trabalhadores, que apenas conseguem fazer uma refeição por dia e pagam em transportes tanto quanto ganham.”
Ismael Mateus não acordou mal-disposto e resolveu zurzir no governo. Há verdades naquilo que escreve e deixa um alerta que reforçamos. Existe o risco de se ter mudado algo para tudo ficar na mesma. O Presidente não pode ser deixado só na sua caminhada. O país não pode sofrer um retrocesso. A revolução iniciada por João Lourenço tem de seguir, continuar: combater a corrupção a sério, reformar a economia a sério, cuidar do povo a sério. Não se pode parar, não se pode hesitar.
É fundamental a Nova República, caso contrário, vamos acabar pior. Este tem de ser um tempo de acção, com um rumo, um só rumo, uma só direcção.
Como diziam as forças progressistas doutros tempos e doutras paragens: Força, nós seremos a muralha de aço!