Decibéis amplificados anunciam crise institucional em Angola, são os oportunistas a saltar borda fora, e uma classe inteira a automutilar-se cega de protagonismo.
Incompetência, laxismo, compadrio, clientelismo, foram alicerces erguidos no tempo de todos os vícios, a cultura do enriquecimento ilícito e rápido, a impunidade, o cartel, minaram as instâncias superiores judiciais, correram atrás de um lugar do iluminismo de Luanda onde a estratificação social é feita através dos sinais exteriores de riqueza, carros de alta gama, viagens de avião em executiva, relógio em ouro, perfume de Paris, sapato italiano, amantes, extensivos a toda a família.
Entrevistei nos anos noventa o prestigiado jurista Rolando Estanqueiro, e ele dizia; “Kuma, estamos a formar juristas que se vão tornar elefantes em lojas de porcelana, quando o país for pluralista em política e liberal na economia, vamos bater contra um muro e ter de refazer tudo de novo.”
A Justiça necessita de autoridade do Povo, só o Presidente da República pode erguer uma nova arquitetura judiciária com autonomia de Órgão de Soberania, o Parlamento, as Forças Armadas e a Polícia Nacional podem garantir a estabilidade necessária para a transição, o que não podemos mais, é assistir este degradante desmoronar de uma elite a eutanasiar-se.
Temos no país e fora dele, em sintonia, um conjunto de sabotadores que aplaudem e tentam tirar partido do momento, é impressionante como empregam todas as energias para sabotarem o Governo de Angola, é deplorável como açoitam João Lourenço, mas a teia tecida com impunidade está ceder, está a chegar a hora de prestar contas, serão eles a clamar por justiça para que não sejam os cidadãos a exercê-la.
É evidente que a postura cultural de um Povo face aos desafios da Nação, leva muitos anos, gerações até, até encontrar a identidade de uma cidadania, mas persistir no erro como se fez durante 40 anos seria desastroso. Também as mudanças não são fáceis, vícios, oportunismos e alienações obstaculizam a padronização, não há parto sem dor e a cesariana deixa marcas.