Não há dúvida que as boas intenções de entrega de resolução dos problemas essenciais do país, como a corrupção, ao Direito, falharam. Os últimos desenvolvimentos relativos a Isabel dos Santos, seja a inoperância do mandado emitido através da Interpol, seja a notícia bizarra da intenção da ex (ou actual) bilionária em construir um hotel em Lisboa, demonstram que os mecanismos da justiça não conseguem acompanhar as intrincadas teias internacionais de cumplicidades e opacidades em que a grande corrupção angolana assentou.
Podem-se continuar a colocar processos contra os grandes corruptos, alguma mossa lhes fará, mas nada resolverão.
Aliás, alguns dos juristas mais famosos de Angola, vendo esta inoperância, estão a ensaiar assaltos ao poder, apontando o falhanço da justiça que eles criaram…A ironia é que estes vultos, usam o seu próprio falhanço para se posicionarem como substitutos do Presidente da República.
Tudo isto implica que é tempo da política, pura e dura. O combate à corrupção já não se faz com processos penais ordinários, exige uma política activa com enfoque externo que obrigue ao fim desta brincadeira. Use-se o direito quando necessário, mas avance-se na política quando exigível.
O Presidente deveria criar mecanismos partidários e diplomáticos que resolvam as hesitações da justiça. Uma força especial e focada, com plenos poderes internos e no estrangeiro, é necessária.
Caso contrário, antevemos o caos.