A União Europeia [UE] deve olhar para a África, em vez dos Estados Unidos, para substituir a energia da Rússia”, disse recentemente o CEO da ENI, Claudio Descalzi. Descalzi acredita que trabalhar em estreita colaboração com os países africanos em questões energéticas pode ajudar a criar um novo eixo Norte-Sul. “Nós não temos energia, eles sim. Temos uma grande indústria, eles têm de a desenvolver… Complementamo-nos bem”, disse ao diário britânico Financial Times num artigo publicado a 6 de janeiro.
É evidente que dentro dos países que melhor podem posicionar-se nesta reorientação estratégica está Angola (a par com a Nigéria e a República Democrática do Congo).
Esta é uma oportunidade única para inverter os termos do jogo Norte-Sul e criar um novo pacto com a Europa em que a energia seja a moeda de troca para o desenvolvimento industrial e comercial de Angola. A questão não será meramente vender energia e enriquecer um punhado de pessoas e companhias, a questão é mais profunda, e implica uma parceria estratégica no verdadeiro sentido do termo.
Angola fornece energia à Europa, em troca a Europa abre o seu mercado e investe na industrialização angolana.
O governo tem de olhar e empenhar-se nesta via de renegociação com a Europa numa posição de vantagem. Para isso, tem de terminar com as constantes desestabilizações que ocorrem no país fomentadas pelos Adalbertos e Isabéis desta vida.
Não se pode perder esta oportunidade e estar distraído com intrigas internas.