19 Outubro 2021
(sumário em português)
Entrevista de João Lourenço ao jornal inglês Financial Times (19 Outubro de 2021):
Afirma o Presidente João Lourenço:
-A nossa reforma deve ter dois objectivos principais, que são fortalecer o estado de direito democrático e implementar uma verdadeira economia de mercado.
-O sector privado deve ser estimulado por meio de um programa contínuo de privatizações para que possa funcionar como um motor económico.
-Em termos de política energética, a estratégia é procurar mais investimentos em combustíveis fósseis até que uma nova economia mais verde e diversificada possa ser construída. Estamos a trabalhar para atrair um maior investimento na produção de petróleo, mas especialmente na produção de gás [natural].
-Há uma tempestade económica feroz, mas vai passar com o início dos esforços de reforma. A economia está a entrar num período de recuperação, depois da tempestade.
-O governo controlou as finanças públicas e colocou a dívida externa do país numa base “sustentável”. O aumento do rating da Moody´s referente à dívida de Angola em Setembro – de Caa1 para B3, foi o reconhecimento da seriedade do nosso programa de reformas.
-Compreende-se o descontentamento popular, mas as reformas estão a progredir. Destaca-se a privatização como uma plataforma política central. Queremos tornar mais eficientes todos os activos que antes eram detidos pelo Estado e transferi-los para o sector privado para que produzam mais e melhores bens e serviços.
-Sobre a privatização parcial da Sonangol e Endiama não arriscaria garantir que isso aconteça no próximo ano, devido à sua reestruturação. Vamos colocar no mercado parte do capital dessas grandes empresas públicas. Contudo, o estado continuará a ter participação nessas mesmas empresas, incluindo a TAAG, a companhia aérea nacional.
-Minimiza as preocupações de que o país esteja muito endividado. O presidente aponta para um acordo com os credores chineses – aos quais Angola deve mais de metade da sua dívida externa de $ 40 mil milhões – para alívio da dívida até 2023.
-Os mercados de capitais permanecem abertos caso o país deseje aproveitá-los. Com este ambiente de negócios que estamos a criar, com esta classificação da Moody’s, com o sucesso do programa de financiamento expandido do FMI, as hipóteses de abrir as portas para. . . os credores internacionais estão a aumentar.
-O Presidente defende veementemente a sua campanha anticorrupção, apesar das críticas. No nível do partido sempre houve o reconhecimento de que havia corrupção, corrupção desenfreada. Isso tem sido falado há anos. A diferença é que antes só havia conversa, mas nenhuma acção. E hoje está sendo travada em todos os níveis, contra os grandes e contra os pequenos.
-Insiste que os tribunais, não a presidência, lideraram o processo anticorrupção.
-Sobre Isabel dos Santos: “quem não deve, não teme” – se você não tem nada a esconder, não tem nada a temer.
-Sobre José Eduardo dos Santos: O facto de ele ter voltado é bom para todos, não só para o nosso relacionamento, mas é bom para o país, é bom para a nossa festa”.
-Quanto à possibilidade de MPLA ter um resultado fraco nas próximas eleições, penso que é muito remota, pois quem conhece o país compreende a resistência do MPLA.