São Francisco de Assis, em que o actual Papa se inspira para o exercício do seu pontificado, deixou-nos uma intensa oração que resume o que é ser cristão:
“Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.”
Na mesma senda, o Papa Francisco fez sair a Encíclica Fratelli tutti cuja mensagem essencial é que a fraternidade a amizade social são os ingredientes fundamentais para construir um mundo melhor, pacífico e com mais justiça. Na carta referindo-se a São Francisco afirma: “Não fazia guerra dialética impondo doutrinas, mas comunicava o amor de Deus; compreendera que «Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus» (1 Jo 4, 16)”. Adiante, escreve o Papa Francisco “A melhor maneira de dominar e avançar sem entraves é semear o desânimo e despertar uma desconfiança constante, mesmo disfarçada por detrás da defesa de alguns valores.”
A Igreja tem uma mensagem sólida e clara. Igreja é amor, paz, perdão e fraternidade. Não é ódio, ofensa, discórdia e sobretudo, “guerra dialética” disfarçada da defesa de alguns valores.
Ora é precisamente isto- “guerra dialética” disfarçada da defesa de alguns valores que Maurício Agostinho Camuto, o bispo do Bengo, está a fazer neste momento com as suas declarações bombásticas, contradizendo a mensagem cristã e a Carta-Encíclica Papal.
Camuto não é Igreja, Camuto não é cristianismo. Onde se procura a Paz, proclama o confronto. Onde devia estar a redenção, está a ofensa, onde se devia exaltar a harmonia, exalta a discórdia. Não é a Igreja do amor que Camuto pronuncia da sua tribuna, mas a religião da hostilidade.
Sejamos claros, Maurício Camuto devia despir-se das suas vestes talares, deixar de se proteger com o seu solidéu episcopal e desempenhar o seu real papel.
Mauríco Camuto é mais um político da oposição. É legítimo que Maurício Camuto seja um político da oposição, mas deve assumi-lo. Saia da residência episcopal, atravesse as ruas e entre na sede partidária. Aí já poderá falar sobre o que quiser, sem enganar os crentes e adulterar a mensagem da Igreja.
Nós também somos Igreja, mas não nos revemos no confronto, na guerra de palavras, na destruição da harmonia e unidade nacional. Cada um deve procurar o lugar a que pertence. O de Maurício Camuto é o dos comícios políticos. Assim seja, mas não confundamos os planos. Não utilizemos falsas esperanças para vender ídolos de pés de barro. Que a Igreja Católica foi cúmplice activa do projecto de dominação e servidão colonial não faça tolos dos angolanos.