A pandemia de Covid-19 tem apresentado oportunidades para a transformação económica do continente africano por meio da inovação, digitalização e colaboração regional, contudo os países precisam ainda de afinar as suas políticas.
A pandemia pode fazer com que as empresas em África adoptem modelos operacionais que priorizem o digital e permita que o sector manufatcureiro do continente retome o foco na inovação, produção local e autossuficiência, diz o relatório do Centro Africano para Transformação Económica (CATE), com sede em Acra (Gana), um instituto de política económica.
Este último relatório do instituto analisa a necessidade de os países africanos desenvolverem uma maior integração económica para transformar o continente, com foco na criação de empregos para os jovens, promovendo a inovação digital e gerenciando os riscos climáticos. O CATE tem desenvolvido algumas análises, com o objetivo de aumentar a capacidade dos governos africanos e do setor privado em transformar as suas economias.
As tendências de digitalização, inovação e colaboração regional já estão no continente e podem ter o impacto duradouro de mudar a mentalidade das pessoas para o uso de ferramentas bancárias online. No caso angolano, a título de exemplo, o Banco Nacional de Angola (BNA), tem vindo a incentivar os cidadãos em geral, a solicitar multicaixas em seus bancos, a utilizar aplicações alternativas como o multicaixa express ou soluções de internet e mobile banking dos bancos comerciais durante este período de pandemia.
Vários governos já começaram a acelerar a digitalização. Por exemplo, alguns governos e empresas de tecnologia tornaram a internet mais acessível, ampliando um novo tipo de formações que foram criadas para ensinar habilidades como codificação e design gráfico. A União Africana lançou uma ferramenta de passe Covid-19 para simplificar a verificação do passaporte da documentação de saúde pública para viajantes.
À medida que o continente avança com um plano para se recuperar da pandemia e aumentar a resiliência contra crises futuras, as pessoas terão mais expectativas sobre os programas do governo, que cada vez mais contarão com os dados digitais, de maneira concretizar programas e fornecerão comunicações baseadas em dados, destaca o relatório.
Um exemplo recente é o Novissi do Togo, um programa de transferência digital de dinheiro que envia fundos aos cidadãos através de “mobile Money”. O programa do governo, lançado em 2020 para apoiar os trabalhadores informais cujos meios de subsistência foram afetados pela pandemia, inscreveu mais de 1 milhão de cidadãos na sua primeira semana, pagando 4,3 milhões de dólares apenas naquela semana.
A União Africana tem uma estratégia de transformação digital para orientar os os seus membros no desenvolvimento de políticas abrangentes sobre novas tecnologias, novos modelos de negócios e novas economias digitais. Esta estratégia é agora mais importante do que nunca, à medida que a região se mobiliza para implementar a Zona de Comércio Livre Continental Africana e precisa aproveitar a tecnologia para facilitar o comércio intra-africano.
Em África temos um mercado muito inexplorado no capítulo da melhoria dos padrões de vida, e isso pode ser alcançado através da efectivação de opções de política de inovação por meio da parceria entre governos, redes de conhecimento e empreendedores.