Política externa angolana centrada na paz

ByTribuna

25 de Junho, 2021

É inquestionável que Angola está a ganhar um novo lastro de reconhecimento internacional, designadamente na salvaguarda e em prol de um continente onde a paz e o desenvolvimento sustentável se tornem finalmente uma realidade palpável ou minimamente tangível.

No plano internacional, desde já se destaca a segunda edição da Bienal de Luanda – Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz em África, a ser realizada no próximo mês de Outubro. O coordenador nacional deste evento, o Embaixador Diekumpuna Sita José afirmou “que Angola demonstra a disponibilidade de ajudar a alcançar os objectivos traçados pelos líderes africanos no tocante à pacificação do continente africano”. O país está empenhado “na procura de uma paz duradoura para África, que sirva de suporte para o desenvolvimento económico e social e o bem-estar das populações africanas”.

Esta Bienal de Luanda deriva de uma acção conjunta do governo Angolano, UNESCO (Organização da Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e União Africana (UA). Até à data, o Congo e a República Democrática já confirmaram a sua participação ao mais alto nível, e no caso da União Europeia, através da sua Embaixadora em Angola, Jeannette Seppen, ficou claro que a organização também se faria representar através de uma delegação.

Já a UA tem enaltecido o papel que o país tem destinado na pacificação da República Centro Africana (RCA). Numa reunião em Adis Abeba, o Ministro das Relações Exteriores, Téte António teve a oportunidade de ouvir palavras elogiosas por parte do Presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat. Este enalteceu as iniciativas tomadas pelo Presidente da República João Lourenço (JLo) naquela região; não esquecendo que presentemente Angola preside à Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL). Aliás, JLo, na qualidade de Presidente desta organização intergovernamental, estará presente esta semana numa reunião especial do Conselho de Segurança da ONU em Nova Iorque, onde será avaliado o cenário actual da RCA.  

O executivo angolano tem-se também desdobrado em esforços diplomáticos nos diversos teatros de guerra e conflitos africanos.

Por exemplo, relativamente ao Mali, país que foi fustigado por dois golpes de estado nos últimos 9 meses, Angola tem seguido um posicionamento associado à UA, a qual suspendeu com efeitos imediatos o país, até que a ordem constitucional normal seja restabelecida.

Destaque também para a atitude que o país teve já este mês numa reunião no âmbito da ONU, onde a representante de Angola, a Embaixadora Maria de Jesus Ferreira, instou o Comité Especial de Descolonização das Nações Unidas a apoiar “activamente” os esforços do Secretário-Geral da ONU, para relançar o processo de paz no Sahara Ocidental. Este território consta da lista da ONU como um dos 17 Territórios Não Autónomos do mundo.

Finalmente, assinale-se o encontro verificado no início do mês que o Presidente angolano teve com o Presidente do Conselho Militar de Transição da República do Chade, Mahamat Idriss Déby. Angola reforçou a intensão de continuar a apoiar a estabilidade neste país, salientando através do seu Ministro Téte António, que o Chade é uma “barreira” para a região da África Central. Mahamat Idriss Déby dirige o Conselho Militar de Transição no Chade, formado depois da morte do seu pai, Idriss Déby Itno, em abril deste ano. Este Conselho dirigido por Mahamat liderará o Chade por 18 meses.