Isabel dos Santos já estava a ser elevada a santa. Agora é a vez de santificaram os generais Dino e Kopelipa. Afinal Angola foi governada por santos e não sabia.
Os escribas que berravam contra os processos judiciais de Isabel dos Santos, afirmando a pés juntos que a justiça era selectiva porque só a incriminava a ela, agora mudaram o discurso e saem em defesa de Dino e Kopelipa no caso CIF. Afinal eles não estavam preocupados com a selectividade, pois quando surgem mais arguidos, a gritaria aumentou em vez de diminuir.
No fim de contas eles não querem combater a corrupção, querem mantê-la. E o que os une é o ódio a João Lourenço e o seu combate à corrupção.
Eles querem que a roubalheira que lançou o país na pobreza e sub-desenvolvimento continue, e que apenas um punhado de bandidos próximos do antigo Presidente José Eduardo dos Santos abarbate a riqueza toda do país. Os bandidos querem permanecer impunes.
Neste momento, aparecem textos a defender o papel de Dino e Kopelipa na aldrabice que foram as negociatas do (China International Fund (CIF).
Um conjunto de mentiras e falsidades são enumeradas para defender o indefensável.
A primeira grande mentira é que a gestão económica de José Eduardo dos Santos, Kopelipa e Dino foi muito esclarecida e beneficiou o povo angolano, enquanto no presente, reina a incompetência.
A verdade é ao contrário: José Eduardo e os seus sequazes beneficiaram de fortunas incalculáveis com o preço do petróleo ao triplo do actual e o que fizeram foi ficar com esse dinheiro, distribuí-lo aos amigos e comparsas e deixar o povo na pobreza. Quando o preço do petróleo baixou e a facilidade acabou, fugiram às responsabilidades.
Quanto ao CIF apontam todas as culpas, ao mesmo tempo, que equivocamente afirmam que não houve desvios nem crimes, a Manuel Vicente. Se alguém roubou foi Vicente, ele foi a mente malévola que tudo planeou e que trouxe o chinês Sam Pa. Vicente planou, desviou, mentiu, arquitectou e roubou.
Mais uma mentira. O papel de Vicente será certamente alvo de investigação e será bem esclarecido.
Mas Vicente não agiu sozinho.
Havia um trio presidencial. Vicente, Kopelipa e Dino que se conluiou durante anos a fio, cada um no seu posto para saquear o mais possível. Vicente não teria tido no papel que teve sem Kopelipa e Dino, e Dino e Kopelipa sempre precisavam de Vicente. Isto debaixo do comando do Presidente.
Os três inclusivamente usavam as mesmas offshores para os seus negócios em Portugal. Os movimentos financeiros de um eram os movimentos financeiros de outro.
Os apartamentos luxuosos que compraram no Estoril são um exemplo desta irmandade. Manuel Vicente pagou cerca de 3,8 milhões de dólares pelo seu 9º andar com vista privilegiada sobre o mar: cerca de 2,6 milhões em Março de 2011 através de uma conta sua no BCP, e o restante, entre julho de 2007 e agosto de 2008, através das offshore Damer Industries, Delta Shipping Overseas UK e Portmill. Estas mesmas sociedades tinham servido para comprar os apartamentos de Dino e de Kopelipa. Todos no mesmo barco e nas mesmas off-shores. Todos a gastar uma dinheirama e todos nos mesmos esquemas.
Alegam que o CIF é uma empresa privada da qual Sam Pa era o accionista principal e que com a prisão deste é que Dino se tornou procurador. Mais uma cortina de fumo. Ser empresa privada ou pública é irrelevante. O relevante é que o CIF foi um esquema privado de desviar dinheiro público.
Quanto a Dino ser só procurador também é outra invenção. O importante é saber quem é o beneficiário último dessa empresa, quem de facto manda nela. E é evidente que há indicações que Dino era um dos mandantes do CIF. Pode aparecer um chinês, ou um jardineiro ou um taberneiro analfabeto do Benfica como donos do CIF, mas todos sabemos que são testas-de-ferro. E as provas materiais e documentais existentes são mais do que claras.
Toda a engenharia jurídica da propriedade do CIF que menciona uns Wangs, Fungs, além de empresas off-shore são apenas esconderijos dos beneficiários últimos, e é isso que interessa. Quem beneficiava e dava ordens no CIF era Sam Pa- que foi preso na China por corrupção- e Vicente, Kopelipa e Dino. Tudo o resto é conversa e ficção legal para enganar as autoridades e defraudar a lei.
Quanto a Kopelipa, a sua entrada no Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN) serviu para que se lançasse num frenesim de negócios privados em todas as áreas, desde a venda de petróleo até às águas. O negócio das águas é outro exemplo da colaboração fraterna do trio: Manuel Vicente, Kopelipa, e Dino, desta vez com o concurso de Lemos Maria. Até no negócio de fiscalização de empreitadas para a realização de estudos, projectos executivos e construção de estações de tratamento de água, sempre certificados pelo então Presidente da República, os três entraram em conjunto.
Isto quer dizer que houve uma estratégia cúmplice dos três na elaboração e execução de um plano que abrangia o saque de toda a economia angolana. Nenhum deles se pode agora colocar de fora e dizer que não sabia de nada, porque os negócios em comum não eram um ou dois, mas incontáveis: petróleos, China, imobiliário, águas e tudo o mais era feito em conjunto, e nenhum deles é tonto ou fraco de cabeça.
A dívida à Rússia que é apresentada como uma coroa de glória de Kopelipa é outra vigarice. É verdade que no início do século a dívida à Rússia era de cinco mil milhões de dólares. E é verdade que houve um acordo em que Kopelipa esteve envolvido.
O problema, como é habitual, é que esse acordo foi mais uma forma de desvio avultado de dinheiro do tesouro angolano.
O acordo em vez de implicar um pagamento directo Estado a Estado, envolveu uma confusa teia de intermediários e empresas, o que determinou que algum do dinheiro para pagar à Rússia – cerca de 386 milhões de dólares norte‑americanos – fosse ficando pelo caminho nas mãos desses intermediários e também fosse parar a contas, via empresas de fachada, do presidente angolano José Eduardo dos Santos, pelo menos 36 milhões de dólares norte‑americanos.
A situação foi descoberta em 2005. Durante uma reunião entre altos funcionários russos e angolanos, estes últimos afirmaram que estava tudo pago, enquanto os russos reclamavam a falta dos tais 386 milhões de dólares norte‑americanos. Que o Estado angolano os pagou será verdade, mas não foram parar ao Estado russo…O assunto só ficou resolvido quando Angola pagou, de novo, os 386 milhões de dólares à Rússia. Este é um exemplo muito simples, dos esquemas de Kopelipa na gestão do acordo com a Rússia.
É tempo de acabarem as brincadeiras. Aqueles que roubaram o povo angolano durante anos a fio têm de enfrentar a justiça. Se têm defesa a apresentar é nos tribunais que o devem fazer e não a denegrir o actual Presidente da República.
Angola ganhou biliões de dólares entre 2002 e 2014, a maior parte dos quais foram roubados.
É tempo desse dinheiro voltar ao povo e dos responsáveis pelo saque serem punidos.