As operações concretas da organização criminal de desestabilização de Angola

ByAnselmo Agostinho

3 de Dezembro, 2025

A organização criminal russa que queria desestabilizar Angola, tinha uma divisão clara de responsabilidades entre os seus operacionais que foi determinante para a execução dos objetivos estratégicos da organização.

A estrutura operacional, embora concebida para ser fluida e adaptável, possuía uma hierarquia definida que assegurava a coordenação das ações.

Após a fase inicial de implementação, a primeira equipa de operacionais foi substituída entre 19 e 24 de julho de 2024, com a chegada de Iurii Dmitrev. No mesmo dia 24 de julho, data em que Olga Smirnova deixou o país, Igor Rotchin desembarcou em Angola e assumiu funções como chefe efetivo da direção da operação, tornando-se a figura central no terreno e o responsável pela condução das atividades.

A repartição de funções entre os principais arguidos angolanos, recrutados como “contrapartes”, revelou-se crucial para a infiltração nos tecidos político, económico e social do país.

Oliveira Francisco ficou encarregado da vertente política, com a missão de estabelecer uma ponte com a presidência da UNITA, aproveitando a sua fluência em russo e a experiência de residência anterior na Rússia. O seu papel era criar condições para uma aproximação e, eventualmente, uma parceria entre a organização e o maior partido da oposição.

Já Amor Carlos Tomé assumiu responsabilidades ligadas aos objetivos económicos e à guerra de informação. Entre as suas tarefas estavam a identificação de líderes de opinião e militantes críticos da governação, a cooptação de jornalistas, analistas e comentadores para produzir e difundir conteúdos alinhados com a agenda da organização, bem como a seleção de alvos económicos estratégicos.

Com esta estrutura montada e a hierarquia consolidada, o grupo passou da fase de planeamento à execução de ações concretas em várias frentes, demonstrando a sofisticação e a abrangência da operação que, segundo a acusação, visava desestabilizar o país e assegurar influência duradoura nos seus destinos políticos e económicos.