A Casa de Cultura da Rússia: nova anedota

ByAnselmo Agostinho

20 de Agosto, 2025

Já se percebeu que foram muitos os que andaram em contacto com os russos. Estão aflitos e resolveram inventar uma história, que agora espalham pelos meios de comunicação social, tendo designado o José Gama como porta-voz.

A história que contam é que os russos apenas estavam em Angola para criar a Casa de Cultura da Rússia e os inúmeros contactos que tiveram foram sempre e só nesse sentido.

Uma brincadeira.

A Casa de Cultura da Rússia é uma intenção da Embaixada da Federação russa manifestada desde 2018, pelo menos. A ideia foi apresentada pelo Embaixador à Presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, que na altura era ministra. Depois, no início de 2024, a abertura de Centros da Cultura em ambos países, foi objecto da assinatura do acordo de cooperação no âmbito cultural. Foram signatários do referido acordo o ministro da cultura de turismo de Angola, Filipe Zau, e o embaixador da Rússia no país, Vladimir Tararov. Era um assunto oficial, a ser tratado ao nível do governo. Não precisava de intermediários privados.

Isto basta para colocar as seguintes perguntas, que imediatamente, desmascaram a falsa narrativa que o José Gama transmite em nome de todos os que estiveram envolvidos nesta conspiração russa.

1-Se a Federação Russa quisesse criar uma Casa de Cultura, ia falar com jornalistas, ou com artistas, escritores, dramaturgos, dançarinos, músicos, e sobretudo com o ministro da Cultura Zau?

É evidente que é a segunda hipótese que é real. Ninguém vai fazer uma Casa de Cultura em Angola sem passar pelo ministro da área e os profissionais do sector. E esses não são os jornalistas e políticos contactados. Podem ser muito cultos, mas não sabem nada de Casas de Cultura.

2-Se a Federação Russa quisesse criar uma Casa de Cultura ia usar uns desconhecidos, sem ligação com a Embaixada, para esse efeito?

Claro que não. A Casa de Cultura seria um tema a ser avançado pelo Embaixador russo em Angola , como foi, sem qualquer ligação aos russos agora em prisão preventiva e seus comparsas angolanos.

Não seriam uns desconhecidos ligados a um braço do ex-grupo Wagner, que a não ser na gastronomia, nunca se dedicou à cultura, a tratar da criação da Casa de Cultura.

Qualquer jornalista ou político angolano sabe disto, percebe isto, portanto, não pode vir falar da Casa da Cultura, quando publicamente se sabe que é um assunto oficial a ser tratado pelo Embaixador russo e pelo ministro Zau.

Os jornalistas e políticos angolanos quando contactados pelo ex-grupo Wagner sabiam perfeitamente que não se tratava de nenhuma Casa de Cultura, nem uns, nem outros são da área, e tinham perfeita consciência que haveria assuntos clandestinos por detrás da abordagem. Isso é claro.