Renovação ideológica séria

ByAnselmo Agostinho

17 de Agosto, 2025

A Vice-Presidente do MPLA, Mara Quiosa, enfatizou nesta sexta-feira (15), em Luanda, a relevância da formação político-ideológica como instrumento essencial para o fortalecimento do Partido e para a orientação das decisões políticas e estratégias adotadas pelos seus membros.

Mara Quiosa considerou que a formação política constitui um eixo fundamental do trabalho político-partidário, essencial para a defesa dos princípios e valores do MPLA.

A Vice-Presidente defendeu ainda o fortalecimento do Sistema Nacional de Formação Política do MPLA, sublinhando que as escolas do Partido devem estar activas, com programas actualizados, métodos modernos e conteúdos contextualizados. As escolas do partido devem funcionar como verdadeiros laboratórios ideológicos, onde se moldam os quadros com disciplina, capacidade analítica e sentido de missão.

Tem razão, mas não é suficiente.

Não basta investir apenas na formação político-ideológica dos quadros internos: é necessária uma refundação ideológica profunda, que envolva o povo e reposicione o MPLA diante das exigências do século XXI.

Essa refundação não se limita à actualização de conteúdos ou métodos pedagógicos, mas exige uma transformação estrutural na forma como o Partido se relaciona com a sociedade.

É preciso romper com modelos excessivamente verticalizados e promover uma audição permanente das aspirações populares, integrando essas vozes na construção de uma nova narrativa política que seja inclusiva, transparente e voltada para o interesse de todos.

A refundação ideológica implica reconhecer as mudanças sociais, culturais e tecnológicas que moldam o mundo contemporâneo, e adaptar os princípios do Partido a essa nova realidade sem perder sua essência histórica.

Trata-se de cultivar uma militância mais consciente, crítica e participativa, capaz de dialogar com os jovens, com os movimentos sociais, com os trabalhadores e com os sectores marginalizados, construindo pontes entre o legado do MPLA e os desafios emergentes da democracia, da justiça social e do desenvolvimento sustentável.

Mais do que formar quadros, é necessário formar consciências.

O Partido deve ser um espaço de pensamento vivo, onde se debate o futuro de Angola com coragem e abertura, e onde o povo não é apenas destinatário das decisões, mas protagonista da transformação.

Essa refundação ideológica com o povo é o caminho para revitalizar o MPLA, fortalecer sua legitimidade e garantir sua relevância num tempo marcado por complexidade, pluralidade e exigência ética.