Arrojo e determinação

ByKuma

31 de Janeiro, 2025

África só agora, 50, 60, anos após as independências consegue ter gerações limpas, verdadeiramente livres, com um pensamento genuinamente africano, todavia também estão bem vivos resquícios colonizadores, tem faltado coragem para higienizar as instituições, e substituir dirigentes e organizações amarradas a um passado que vai minando o futuro, há conveniências que se tornaram em fundamentalismos, e repetem-se conflitos com base na manutenção de instrumentos coloniais, que emergiram ao longo de séculos para dominar o espaço, e explorar as suas gentes.

Incompreensivelmente tomou-se como sagrado o mapa colonial desenhado em Berlim em 1895, e a própria constituição da União Africana fez-se num jogo de equilíbrios, que claramente obedeciam aos critérios da Guerra Fria, e tem sido ao longo da existência o sustentáculo de ditadores e oligarquias, sem ter constituído até hoje instrumentos verdadeiramente persuasivos político militares.

Daí nunca ter conseguido influência relativamente ao seu potencial na cena global.

Angola é hoje um poderoso interlocutor, e João Lourenço um governante que conquistou um espaço e prestígio, para poder convocar para Luanda uma Convenção alargada, política, académica e militar, para pensar África, hoje e amanhã, e assumir pragmaticamente e sem contemplações um quadro de exigências, num cenário de valorização e defesa de valores e princípios que não permitam aventureirismos, e com instrumentos de intervenção rápidos, que ataquem focos de instabilidade no imediato.

Só assim África poderá libertar-se, partilhar conhecimento, investir em conjunto, enriquecer a sua diversidade em vez de ser usada para dividir. Os desafios são imensos, as energias limpas, leis transnacionais em defesa dos rios, das florestas, unir esforços na conquista espacial para comunicações próprias.

Parece um sonho, mas a União Europeia nasceu da vontade de dois homens, Jean Monnet e Robert Schumann, e dentro dela criou-se o BENELUX, Bélgica, Nederland e Luxembourg, uniu-se a Alemanha, e tem conseguido uma harmonização social e económica de todos os seus membros, no entanto, com 5 países, foi alargando para 10, depois para 12, quando entrou Portugal, e hoje são 27, e ainda há muitos de fora 65 anos depois da sua fundação. É um instrumento de igualdade na diversidade, e sobretudo de Paz.

A SADC também pecou, é mais uma associação geográfica, poderá facilitar transações económica e financeiras, mas é muito vaga nas suas exigências.

África, hoje, tem de ser mais exigente consigo própria, o nosso Presidente da República colocou Angola em condições de ser a locomotiva da composição austral.