Quando era criança, descalço nos esburacados caminhos gentios do meu Ukuma, havia dias de ruído, num altifalante de funil, anunciava-se que haveria cinema naquela noite. Foi o tempo do medo do pecado, do trauma do fim do mundo, do feitiço do homem do saco, uma panóplia de fronteiras vencidas pela vida, que hoje são mera saudade.
Fomos todos alienados a uma cultura que teme os mortos, oramos pelo seu perdão, mas somos demasiado tolerantes com os vivos que teimam em infernizar-nos a vida, alguns tomam-se de egoísmo, colam-se ao narcisismo, e julgam-se inquisidores de toda gente.
Gasto, enferrujado, distorcido, amplificou-se nos últimos dias a verborreia habitual em momentos muito próprios, avançou o Processo da fugitiva contumaz Isabel dos Santos, e o Senhor Presidente da República iria receber na Cidade Alta, em audiência estratégica, o Secretário de Estado Norte Americano, Antony Blinken.
As centrais do banditismo digital precipitaram-se na intriga, no insulto, de Lisboa e São Paulo surgiram a falar de sofrimento em Angola as senhoras da Chanel, da Prada e da Yves Saint Laurent, e dos desmobilizados da defunta UNITA, surgiram uma série de novos escritores a imitar Chivukuvuku, a idolatrarem Jonas Savimbi e José Eduardo dos Santos, dois ditadores carnificinas que lideraram dois grupos distintos de terrorismo de Estado, dois saqueadores de alma angolana, tão iguais que hoje se confundem.
De um e de outro herdamos gerações de almas amputadas, e isso cerceou a dignidade e a esperança que só em 2022 João Lourenço começou a reerguer.
Enquanto Antony Blinken dizia aos jornalistas que o acompanham, ter ficado surpreendido positivamente com o que viu em Luanda, acrescentando ter encontrado interlocutores capazes de responder aos projectos de investimento em Angola, mas isto é um desafio para os que não desarmam no regresso ao passado.
Acontece que foi recentemente criada em Bruxelas uma associação, UDA – União da Diáspora Angolana, que quer manifestar-se em várias capitais europeias, o cidadão Mfuca Muzemba acabou de solicitar à Prefeitura de Paris, autorização para uma manifestação numa luxuosa sala no centro da capital francesa, dia 3 de Fevereiro, às 15h30, seguido de um Cocktail aos presentes.
Este é outro problema que o Corpo Diplomático angolano nunca resolveu, ou, estranhamente, nunca quis resolver, há cerca de 60.000 angolanos, ou que se dizem angolanos em França, tidos como refugiados políticos, a viverem de subsídios estatais, que nem sequer falam português, são cidadãos zairenses que aproveitaram as excelentes relações comerciais e políticas para usufruírem de regalias, sempre com o beneplácito da UNITA, que até tem como tradutora na Polícia de acolhimento para asilo, Florence Samakuva, irmã de Isaías Samakuva.
Estas quezílias constantes, que tanto denigrem Angola e os seus cidadãos, provocam cansaço, criam desgaste, escondem o país que diariamente busca a mudança para dias melhores.
Quantos são os que estão a emperrar a via do desenvolvimento e a tentar derrotar num tempo novo? Há assim tanto medo deles?
Vamos sem medos para a Nova República…!!!