Lá estive de ouvido alerta para a primeira emissão do ano da rádio-propaganda do Graça. A brincadeira começou cedo. O Graça vinha com uma encomenda e esteve duas horas inteiras a fazer a entrega dessa encomenda. Tratou-se de apresentar o antigo espião-chefe de José Eduardo dos Santos, general Sango como uma vítima de João Lourenço.
É difícil pensar num general que durante 12 anos foi o chefe dos serviços de inteligência externa ao serviço de José Eduardo dos Santos como uma vítima, mas o Graça esforçou-se, esquecendo-se que na altura em que ele foi demitido (2018), tal demissão foi vista como resultado da degradação dos direitos humanos e sua defesa levada a cabo durante o longo mandato de Sango.
Eis mais um que agora aparece travestido de defensor da liberdade e dos direitos humanos, depois de os ter combatido como pôde. O que mais espanta é a confusão do Graça ( e de muitos outros). Como é que agora aparecem como porta-vozes dos executores da ditadura? Qual a razão para termos os activistas/jornalistas agora a defender os Sangos, Kopelipas, Isabeis e outros? Estão todos avençados? Ou enlouqueceram?
Por ironia, o frete do Graça não lhe correu assim tão bem. Os ouvintes depressa começaram a protestar pelo tempo perdido, e David Boio e um português qualquer não embarcaram na conversa.
Mas realmente, é preciso desplante.