Continuamos, neste artigo, com alguns contributos para a substância duma Nova República. Hoje o tema é a educação. Neste momento, apesar de todos os esforços do Estado e de alguns privados, a Educação em Angola assemelha-se ao velho paradoxo soviético, os professores fingem que ensinam, os estudantes fingem que aprendem. Se se pede mais aos professores, estes dizem que não ganham o suficiente. Se se pede mais aos estudantes, estes queixam-se das condições. Não adianta gastar dinheiro num sistema disfuncional, não competitivo.
A nova educação deve assentar na diversidade e possibilidade de escolha. Em vez de termos grandes ministérios (Educação e Ensino Superior) deve ser dada autonomia às universidades e escolas para desenvolver as suas actividades de forma descentralizada, com orçamentos e gestão própria, mas tendo de alcançar objectivos de qualidade. Assim, os salários dos professores seriam livres e resultado de negociação entre escola/universidade e docente, os métodos pedagógicos também.
O papel do Estado seria mais de regulador de qualidade e menos de provedor de educação. O Estado teria de assegurar que as escolas e universidades funcionariam com qualidade, e os alunos alcançavam objectivos reais de aprendizagem. O resto competia às instituições com liberdade e descentralizadamente.
Ao nível do ensino primário é evidente que têm que aparecer alternativas à escola oficial. Escolas comunitárias, escolas tradicionais ou escolas virtuais, em que o professor pode ser alguém que tenha capacidade concreta para ensinar o básico e não necessariamente um licenciado em determinada matéria.
Ao nível universitário, a exigência tem de ser reforçada. Lemos ontem num portal diferente do nosso e com uma aproximação muito distante, algo que nos perturbou. A prestigiada U.Católica tem à frente da sua licenciatura em Direito uma pessoa que apenas tem o grau de mestre, e, aparentemente, tem mais actividades profissionais. Como é possível? Não há um professor doutorado para dirigir o Direito na Católica?
Um vento de mudança tem de soprar na educação e servir também de fundamento para a Nova República. Esse vento deve começar pelo básico. Ensino primário para todos, por várias formas descentralizadas. Exigência e trabalho sério nas universidades.